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Bilionário considerado segundo homem mais rico do mundo é investigado por lavagem de dinheiro

Defesa de Bernard Arnault afirma que processos contra dono de império de luxo são 'infundados'

Bernard Arnault: (Philippe LOPEZ/Getty Images)

Bernard Arnault: (Philippe LOPEZ/Getty Images)

Publicado em 1 de outubro de 2023 às 14h02.

O bilionário diretor do grupo francês de marcas de luxo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), Bernard Arnault, está sendo acusado de lavagem de dinheiro envolvendo o oligarca russo Nikolai Sarkisov. De acordo com a Procuradoria de Paris, uma investigação sobre suspeitas de lavagem de dinheiro contra Sarkisov está aberta em França desde 2022 e que agora foi expandida para incluir transações imobiliárias envolvendo Arnault.

A defesa do bilionário diz que os processos contra o diretor são infundados. “A operação realizada para permitir a ampliação do hotel Cheval Blanc em Courchevel é perfeitamente conhecida e foi realizada com respeito à lei e com o apoio de assessores”, afirmou a advogada Jacqueline Laffont.

Neste domingo (1), a fortuna do empresário é estimada em US$ 187,6 bilhões (939 bilhões de reais), o que lhe qualifica, no ranking da Forbes, como segunda pessoa mais rica do mundo, atrás apenas de Elon Musk.

Qual é a investigação contra Arnault

As investigações dizem respeito a transações imobiliárias envolvendo Arnault e o olirgarca russo Sarkisov na luxuosa vila de esqui de Courchevel, conhecida como um "playground de oligarcas".

Com base neste relatório do Ministério da Economia francês, o jornal Le Monde afirma que Sarkisov comprou em 2018 em Courchevel 14 propriedades imobiliárias por 16 milhões de euros (R$ 85 milhões) através de uma rede complexa de empresas na França, Luxemburgo e Chipre. Oficialmente, o comprador era a empresa La Flèche. O nome do oligarca não aparecia em seus estatutos, mas ele era o proprietário efetivo.

Através desta empresa, ele comprou outras três propriedades na mesma estação de esqui por 2,2 milhões de euros (R$ 11 milhões) que geraram um ganho de capital de 1,2 milhão de euros (R$ 6,5 milhões) para outra empresa, a Croix Realty, da qual ele também é o proprietário.

Para financiar essas operações, Arnault, que possui uma das maiores fortunas do mundo e proprietário da LVMH,  transferiu para Sarkisov 18,3 milhões de euros. Ele então comprou o conjunto da empresa La Flèche, tornando-se o beneficiário efetivo dessas propriedades.

“A mudança do beneficiário efetivo das aquisições imobiliárias tende a mascarar a origem exata dos fundos, a complicar as operações e a identificação do real comprador, e a refletir um desejo de ocultar o beneficiário efetivo de todas as aquisições, ou seja, Bernard Arnault”, segundo ao relatório Tracfin citado pelo Le Monde.

O círculo próximo do oligarca, citado pelo Le Monde, afirmou que o ganho de capital da operação foi apenas de "algumas centenas de milhares de euros" e Sarkisov "não esteve pessoalmente envolvido" nela.

“Quem pode imaginar seriamente que o senhor Bernard Arnault, que durante 40 anos construiu a maior empresa francesa e europeia, se dedicaria à lavagem de dinheiro para expandir um hotel?”, questionou a advogada Laffont.

Como Bernard Arnault construiu a sua fortuna

Conhecido por sua gana de vencer e estratégia agressiva nos negócios, Arnault ganhou alguns apelidos que ajudam revelar a jornada construída pelo atual dono do posto de homem mais rico do mundo. Entre eles, “O Exterminador do futuro”, “Lobo de Cashmere”, “Sun Tzu do Luxo” e o “Maquiavel das Finanças”.

O primeiro, “O Exterminador do Futuro”, surgiu logo que entrou no mercado de luxo, na década de 1980. Ele disputou a licitação pelo Boussac, conglomerado que detinha a marca Christian Dior, e pouco tempo depois de assumir o negócio, demitiu nove mil funcionários e se desfez da maior parte dos ativos da empresa, mantendo a marca Dior.

A conquista do comando da LVMH veio como resultado de uma outra batalha travada pelo executivo, quando ganhou denominações como “o lobo do cashmere” e “Maquiavel das Finanças”, referência a Nicolau Maquiavel, autor do clássico “O Príncipe”.

Em 1989, ele assumiu empresa, resultado da fusão entre a empresa de moda Louis Vuitton e o produtor de bebidas Moët Hennessy, em 1987. Arnault tinha investido no negócio e passou a discordar da gestão de Henry Racamier, reconhecido por vitalizar a Louis Vuitton. Por dentro, mexeu as peças, tirou Racamier do poder e o expulsou do conselho.

A última jogada em que a estratégia de Arnault pode ser acompanhada de perto foi na aquisição da Tiffany & Co. Após a LVMH e a joalheria americana anunciarem um acordo para a transação, veio a pandemia, perda de valor de mercado e trocas públicas de acusações entre as duas companhias. A discussão rendeu a economia de alguns milhões de dólares para a LVMH e os seus acionistas – US$ 420 milhões, precisamente.

(Com Agência O Globo)

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