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Examinando: Boicote nas redes sociais, o Facebook é o novo vilão?

Examinando explica motivo da campanha contra a empresa de Zuckerberg e prejuízos que ela pode trazer para o bolso e a imagem da gigante das redes sociais

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Beatriz Correia

Publicado em 20 de agosto de 2020 às, 09h00.

Última atualização em 20 de agosto de 2020 às, 22h11.

Você conseguiria passar um dia inteiro sem usar nenhuma rede social? Não é nada impossível, mas eu imagino que se você puder escolher, vai preferir não se afastar das suas redes, certo? E é por isso que o Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp viraram empresas tão grandes, tão ricas. Porque eles têm a sua atenção na maior parte do dia. 

Há alguns meses, as tão famosas redes sociais têm sido o foco das atenções, mas não do jeito que estamos acostumados todos os dias. O Facebook sofreu um boicote de diversas empresas. No Examinando de hoje vamos te explicar o motivo dessa guerra digital e os prejuízos que ela pode trazer para o bolso e a imagem da gigante das redes sociais. 

Você já parou pra pensar como o Facebook, o Twitter ou o Instagram ganham dinheiro? Eles não te cobram nada para criar um perfil, fazer postagens, curtir ou compartilhar. Então de onde vem a receita dessas empresas? Bom, uma das fontes são os anúncios. E foi exatamente nesse ponto que a campanha contra o Facebook resolveu atacar. Mas primeiro você precisa entender o que está acontecendo.

Em maio, um homem norte-americano negro chamado George Floyd foi morto sufocado por um policial branco. O crime foi filmado, compartilhado nas redes sociais e causou indignação no mundo inteiro. Mas essa revolta não ficou só por isso, ganhou força e se transformou em grandes protestos antirracistas pelo mundo inteiro. Teve manifestação em muitos estados norte-americanos, em vários países europeus e chegou até aqui no Brasil. 

Esses protestos trouxeram à tona diversas questões e geraram várias campanhas. Uma delas foi a “Stop Hate for Profit” ou “Pare o ódio pelo lucro”. A campanha foi lançada por grupos americanos de defesas dos direitos civis. Apesar do movimento ter começado nos Estados Unidos, já tem reflexos em outros países, incluindo o Brasil. A campanha acusa o Facebook de aumentar o alcance das mensagens de ódio e de permitir publicações que incentivam a violência. 

O objetivo do movimento é criar uma pressão sobre as empresas de redes sociais para que elas criem mecanismos para combater essas mensagens de disseminação de ódio e que sejam mais rígidas contra o conteúdos de racismo. Então, na prática, o que tem acontecido é que as empresas que pagam o Facebook para por anúncios na página deixaram de fazer isso. E vale lembrar que apesar de falarmos do Facebook, também estão inclusos nesse meio o Instagram e o WhatsApp. Essas duas redes sociais são da empresa Facebook. 

Várias empresas decidiram suspender a publicidade na rede social de Mark Zuckerberg por acreditar que o Facebook não adotou uma política clara e eficaz para combater o discurso de ódio na plataforma. O movimento também ganhou força depois de um conflito entre os gigantes das redes sociais. 

No final de maio, um embate entre Jack Dorsey, presidente do Twitter, e Zuckerberg, começou a tomar forma. O presidente americano, Donald Trump, escreveu no Twitter duas mensagens. Em uma delas, dizia que as caixas de correio seriam roubadas e as cédulas de votação, usadas na eleição presidencial, seriam fraudadas. Em outra, Trump atacou governador da Califórnia, dizendo que o político estaria enviando cédulas a milhões de pessoas.

As duas mensagens foram sinalizadas pelo Twitter como duvidosas, e pela primeira vez os tuítes de um presidente americano receberam um selo de alerta. A iniciativa gerou discórdia entre os gigantes do mercado de tecnologia. De um lado, o Twitter adotou uma postura mais ativa na mediação do que é publicado. De outro, ­Zuckerberg discordou da atitude do concorrente e afirmou que o Facebook não deveria se posicionar como um “árbitro da verdade” do que é dito e compartilhado pelas pessoas.

Desde o lançamento da campanha, no início de junho, mais de 500 corporações se comprometeram a suspender os anúncios na plataforma. É um grande boicote e o objetivo dos organizadores é que mais e mais companhias entrem no movimento. 

Entre as empresas que já aderiram à campanha estão nomes grandes como Starbucks, Unilever, Ford, Adidas, Honda, Levis, Hp e Microsoft. Até mesmo duas grandes rivais se uniram na reivindicação: a Coca-Cola e a Pepsi. Mas qual será o futuro do Facebook após o boicote coletivo?

Por enquanto, o impacto financeiro ainda é pequeno. Uma estimativa da Bloomberg mostra que, caso 25 dos 100 maiores anunciantes da empresa suspendam suas propagandas, o impacto será de US$ 250 milhões. Se esse número subir para 50 empresas, o prejuízo será de US$ 500 milhões. É um valor considerável, mas ainda pequeno se a gente considerar que o Facebook faturou 17 bilhões de dólares no primeiro trimestre de 2020.

Com a repercussão do movimento, o Facebook reconheceu que deve se aproximar mais de movimentos civis para combater o discurso de ódio. A rede social também disse que suas ferramentas de inteligência artificial detectam mais de 90% do conteúdo de ódio. Mas o boicote em massa reforça a discussão sobre o papel das redes sociais em monitorar o conteúdo que as pessoas postam ali. Tudo isso ainda traz ao debate até que ponto é obrigação interferir no conteúdo e evitar mensagens de ódio, e quando começa uma influência no livre debate. 

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