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Forró e Nordeste são apostas de app brasileiro para brigar com Spotify

Startup criada em 2013 já tem faturamento na casa dos milhões e time com 40 funcionários

Wesley Safadão: Cantor é um dos artistas mais populares na plataforma brasileira Sua Música (Brazil Photo Press / Colaborador/Getty Images)

Wesley Safadão: Cantor é um dos artistas mais populares na plataforma brasileira Sua Música (Brazil Photo Press / Colaborador/Getty Images)

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Gustavo Gusmão

Publicado em 11 de novembro de 2018 às 07h00.

Última atualização em 11 de novembro de 2018 às 07h00.

São Paulo — Uma plataforma de música com milhões de usuários ativos, um vasto acervo de faixas e um app para smartphones baixado milhões de vezes. Se você pensou no Spotify, no Deezer ou até no YouTube Music, é melhor pensar de novo. A detentora destes atributos todos é, na verdade, uma startup brasileira com um nome bem direto ao ponto: a Sua Música. E apesar de lembrar, ela tem menos em comum com os serviços de streaming do que parece.

Para começar, há uma preferência por alguns tipos de música no serviço. "Nós focamos efetivamente nos gêneros que mais tocam no Brasil", explicou a EXAME o carioca Rodrigo Amar, CEO da Sua Música. O executivo não fundou a empresa, mas a assumiu em 2013 — e transformou o que era um site musical em uma plataforma completa focada em forró, axé, sertanejo e pagode baiano. Isso explica, portanto, os cantores e bandas em destaque na página inicial da plataforma, que vão dos mais conhecidos Parangolé e Léo Santana até os menos conhecidos, ao menos fora do nordeste, Kevi Jonny e Malla 100 Alça.

A região onde ficam os estados do Ceará e de Pernambuco é outro diferencial. É de lá que vêm 60% do milhão de usuários únicos por dia registrados na plataforma. E é por lá também que ficam boa parte dos 14 mil artistas cadastrados no serviço. São Paulo e Rio de Janeiro não deixam de ter sua importância para a empresa — tanto é que dois dos quatro escritórios da startup estão instalados nas capitais desses estados. Mas é em Fortaleza e no Recife, onde estão as outras duas sedes, que uma parte importante do negócio da marca acontece.

"KondZilla do forró"

A outra particularidade da Sua Música é o seu modelo de negócios. Os artistas podem se cadastrar de graça na plataforma e disponibilizar álbuns e faixas para que usuários ouçam e até baixem. Aqueles que começam a se destacar também aparecem em notícias produzidas pela própria plataforma, que também publica entrevistas com músicos e produz até videoclipes. "É como se fôssemos um KondZilla do forró", resumiu Amar, fazendo um paralelo com a produtora especializada em funk, dona do maior canal brasileiro no YouTube.

Mas nada de remuneração por reprodução de músicas para cantores e bandas no serviço. Eles entram ali basicamente pela divulgação. É uma forma interessante de atrair músicos independentes — tanto que o Spotify começou recentemente a permitir que artistas novos publicassem suas músicas na plataforma. E apesar de parecer mais difícil, a empresa tem conseguido mantê-los ali mesmo depois que ficam populares.

O CEO da startup acredita que a necessidade não os deixa mudar de ideia e largar o serviço. "Os artistas perceberam que o dinheiro para eles vem dos shows, então eles querem e precisam ficar vez mais famosos para fazer mais apresentações", disse o executivo. "No passado, eles iam em bares e davam seus CDs de mão em mão para isso. Só que o mundo mudou, e disso veio o Sua Música."

E como sustentar a empresa?

A origem da receita da startup também tem a ver com a necessidade dos artistas. "Somos grátis para todo e qualquer músico, mas se ele quiser um espaço de destaque na plataforma, é preciso pagar", explicou Amar. Fora isso, a startup também consegue verba de publicidades e também de conteúdos patrocinados, que incluem de textos a videoclipes.

A empresa não abre o faturamento, mas o CEO garante que já está na casa dos milhões, dobrando o número ano após ano desde 2014. Os ganhos são todos reinvestidos na empresa, que saiu de uma equipe de três para um time de 40 pessoas nos cinco anos de atividade. Focar em um nicho, portanto, pode dar um bom resultado.

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