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União à prova de problemas: como a Lamar superou crises para faturar R$ 7 milhões

Sócios da confecção Lamar, Marcos e Vivian Martins já perderam quase tudo e deram a volta por cima. A receita: uma sintonia sobre o que falar — e quando

O casal Martins: na crise, ele voltou a ser camelô. Hoje, faturam 7 milhões de reais (Divulgação/Divulgação)

O casal Martins: na crise, ele voltou a ser camelô. Hoje, faturam 7 milhões de reais (Divulgação/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.

Última atualização em 14 de junho de 2023 às 10h24.

Já diz o ditado: sociedade é igual casamento. Convencer o sócio a seguir adiante nos momentos ruins de um negócio pode ser tão desafiador quanto superar uma crise conjugal. O casal Marcos e Vivian Martins tem lições nas duas frentes. Ambos são donos da Lamar, uma confecção com receita anual de 7 milhões de reais. O negócio começou há dez anos. Marcos era camelô no Brás, região de comércio popular em São Paulo, quando conheceu Vivian, que trabalhava no financeiro de um escritório. Ele a convenceu a largar tudo para empreender. “Para um casal dar certo numa sociedade, é preciso achar uma pessoa que fale a mesma língua que você”, diz Marcos. 

Desde o início, a ideia era confeccionar peças com a marca de clientes, como os magazines populares Scala e Torra Torra. A divisão das tarefas ficou assim: ele com vendas e estratégia; ela, com processos na fábrica e recursos humanos. “Quando ela entrou, as coisas começaram a melhorar porque antes eu fazia tudo sozinho”, diz Marcos. Para Vivian, as coisas não foram tão simples. “Eu fui taxada de louca por sair de um emprego”, diz. 

O negócio chegou a ter 100 funcionários e três lojas no Brás. Tudo veio abaixo em 2017, quando a economia brasileira ainda lidava com os efeitos da maior recessão em três décadas. A Lamar enfrentou um PIB ruim com problemas sérios de gestão. O casal estendia os prazos de pagamento aos clientes em até 90 dias; ao mesmo tempo, pagava fornecedores em poucos dias. A pouca atenção ao caixa resultou numa dívida de 1 milhão de reais. De um apartamento na cobertura, o casal voltou a uma casa humilde. Marcos retomou a vida de camelô. 

Nessa época, o casal destinou boa parte do tempo a cursos de gestão para recomeçar do zero com um olhar atento aos números. Em 2019, o casal voltou a mirar alto, dessa vez investindo em peças com a marca Lamar. Na pandemia, apostou numa loja virtual para vender direto ao cliente final.

Hoje, 70% da receita vem do digital, via site próprio, mar­ketplaces e WhatsApp. Em 2023, o casal projeta uma alta de 30% no faturamento da Lamar. A receita para ter conseguido dar a volta por cima sem prejudicar o relacionamento, dizem eles, é não misturar as conversas: os problemas do trabalho ficam por lá e vice-versa.  

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