Revista Exame

Na onda da indulgência

A indústria do luxo segue crescendo por motivos que remontam a 2020, o mesmo ano que moldou a geopolítica de 2023

Onda de calor: conexão com planeta em transformação é um dos desafios do luxo (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Onda de calor: conexão com planeta em transformação é um dos desafios do luxo (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 23 de novembro de 2023 às 06h00.

O ano de 2020 ainda não acabou. Pelo menos essa é a visão de analistas de uma leva crescente de indústrias. Na geopolítica, a fragmentação de poder que ficou escancarada na pandemia segue dando o tom das relações internacionais. Está por trás de eventos como as guerras na Ucrânia e na Palestina e também das tensões em torno das eleições de Taiwan, segundo Michael Kimmage, historiador americano entrevistado para a última edição da EXAME. No dia em que esta edição ia para a gráfica, a guerra entre Israel e o Hamas já chegava a seu 45o dia, sem perspectivas de resolução.

Nos negócios, a onda de indulgência da pandemia também continua ditando o tom numa das indústrias que mais cresceram nos últimos três anos, a do luxo. É um setor que fatura 1,3 trilhão de dólares no mundo e que deve crescer 30% nos próximos cinco anos, como mostra a reportagem de capa desta edição, do editor Ivan Padilla e dos repórteres Gilson Garrett Jr. e Júlia Storch. “Como ninguém sabia se estaria vivo no dia seguinte, quem podia passou a se presentear, a comprar seu objeto de desejo, que podia ser uma joia ou um Porsche”, disse à reportagem Freddy Rabbat, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Luxo. O desafio — das empresas de luxo e do planeta -— é alinhar as demandas e os desejos de curto prazo com a sustentabilidade do planeta no longo prazo. O luxo precisa, em linhas gerais, evitar desperdícios para se conectar com um planeta em transformação.

As mostras de que o clima está mudando nunca foram tão presentes. No mês de novembro, o Brasil conviveu com uma onda histórica de calor no Sudeste, com tempestades no Sul e com secas no Norte e Nordeste. É uma combinação que afeta a produção de alimentos e bagunça a economia global. Em entrevista à repórter Mariana Grilli, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a regeneração de pastagens é prioridade para o Brasil. “Não queremos plantar soja dentro do Pantanal ou de biomas sensíveis ambientalmente. Temos 40 milhões de hectares que, com investimento em transferência de tecnologia, podemos converter e fazer produzir”, afirmou Fávaro. É uma pauta que o Brasil levará para a COP, a conferência do clima que começa no fim de novembro, em Dubai, com o objetivo de avançar o debate sobre o aquecimento global, que, de certa forma, está adormecido desde o pré-pandemia. Fávaro também contou à EXAME que já fechou 57 acordos comerciais para ampliar a venda de produtos brasileiros globalmente. Se 2020 foi um ano que redefiniu o mundo, o Brasil pode também se beneficiar da onda de fragmentação. 




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