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Luxo do Havaí: os investimentos da Kering em óculos tecnológicos

O grupo Kering investe em um lifestyle despojado ao adquirir a tecnológica marca de óculos havaiana Maui Jim

Portfólio da marca: lentes tecnológicas (BFA/Divulgação)

Portfólio da marca: lentes tecnológicas (BFA/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 25 de abril de 2024 às 06h00.

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Grandes marcas de luxo geralmente são associadas aos desfiles de moda em Paris, à história de seus fundadores e a peças que grande parte da população não consegue consumir de fato. Na paralela, as empresas do setor apostam no segmento dos acessórios, com itens com tíquete médio mais baixo e que funcionam como porta de entrada para esse mercado. É o caso da holding francesa Kering. “Acessórios, especialmente itens de luxo como óculos, geralmente geram margens de lucro mais altas em comparação com outras categorias de produtos”, afirma Rui Lima Jr., CEO da Protus Group, distribuidora no Brasil de óculos de grifes do grupo Kering.

Em seu desfile de estreia na Gucci, o então desconhecido diretor criativo Sabato de Sarno precisava mostrar qual estilo traria para a marca centenária ao substituir Alessandro Michele. Para além das roupas, os acessórios também foram destaque. Os sapatos loafers ganharam plataformas, e a bolsa Jackie ganhou uma nova versão após 60 anos. No rosto, algumas modelos usavam óculos escuros na apresentação que aconteceu em um galpão, já que uma tempestade tomou conta de Milão na tarde de setembro do ano passado e impediu que o desfile acontecesse nas ruas da cidade.

“Sabato começou com uma coisa muito simples: em vez de construir uma coleção e depois colocar acessórios nela, ele decidiu construir a coleção em torno de acessórios”, diz o diretor criativo ­Riccardo Zanola no documentário Quem é Sabato De Sarno?.

Foto de campanha: estilo de vida ligado à natureza (MAUI/Divulgação)

Essa pode ser uma das estratégias da Gucci para alavancar a marca, visto que as vendas deverão cair 20% no primeiro trimestre devido a uma desaceleração na Ásia, de acordo com a própria Kering. O investimento do grupo de moda tem sido mesmo nos acessórios.

Há dez anos foi criada a Kering ­Eyewear, braço de óculos de luxo do grupo que hoje conta com 14 marcas de casas como Gucci, Cartier, Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Chloé, Alexander McQueen e Alaïa.

Em 2022, o grupo adquiriu a marca havaiana Maui Jim por 1,5 bilhão de euros. Segundo a Reuters, a aquisição elevaria as receitas anuais do grupo com óculos para mais de 1 bilhão de euros e melhoraria sua lucratividade.

Em março passado o grupo apresentou a primeira coleção da Maui Jim depois da aquisição, em um evento em Nova York ao qual a EXAME Casual foi convidada. Quando se pensa no conjunto de ilhas incrustadas no Oceano Pacífico Norte vêm à mente as praias, o surfe, dias de sol e uma vestimenta despojada. E é nesse lifestyle que a Kering tem apostado. A marca não é muito conhecida fora dos Estados Unidos, mas em média cada americano possui três óculos da Maui Jim.

“A Maui Jim possui um faturamento de 350 milhões de dólares nos Estados Unidos. O faturamento das 14 marcas de eyewear da Kering não chega a esse valor”, diz Lima, que acredita que o grupo vai acrescentar a tecnologia das lentes da Maui Jim nas outras marcas e assim aumentar o potencial de vendas. “No final a Kering acabou comprando essa tecnologia”, diz.

A repórter viajou a Nov York a convite do grupo Kering


Perfume no ar

Setor de beleza é uma das principais apostas do grupo para itens de entrada

Para além das peças feitas a mão apresentadas em desfiles em Paris ou Milão, os consumidores podem adquirir itens de grife mais acessíveis. Nesse portfólio, perfumes sempre foram uma das principais portas de entrada para esse universo exclusivo.

Nos últimos anos, itens de maquiagem e skincare ampliaram o portfólio e a lucratividade das marcas. Seguindo a estratégia bem-sucedida da Kering Eyewear, o grupo fundou no ano passado o braço de beleza ­Kering Beauté. Dentre as marcas estão Bottega Veneta, Balenciaga, Alexander McQueen, Pomellato e Qeelin.

Em junho do ano passado, o grupo anunciou a aquisição, por 3,8 bilhões de dólares, da casa de fragrâncias Creed, fundada em 1760. Ainda que marcas como Gucci e YSL pertençam ao grupo, a licença de beleza é gerida pelo grupo Coty, com validade até 2028 para a Gucci. Espera-se que até o final do ano seja lançada a primeira fragrância de Bottega Veneta, seguida por Balenciaga e Alexander McQueen.

“Os perfumes de luxo são os itens de beleza que melhor conversam com o consumidor. Nesse sentido, vemos os itens de alto luxo, como perfumes de nicho, com suas fragrâncias exclusivas e embalagens sofisticadas, muitas vezes tendo maior destaque nas vendas em comparação com os produtos de posicionamento premium”, diz Michel Piroutek, research associate na Euromonitor International.

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