Revista Exame

Por que a guerra da Ucrânia ainda não teve um fim?

Ataque russo à Ucrânia completa um ano em 2023, sem saída no horizonte por ora

População em Lyman, em Donetsk, no leste da Ucrânia: impasse nas negociações pode prolongar a guerra para além de 2023 (Celestino Arce/NurPhoto/Getty Images)

População em Lyman, em Donetsk, no leste da Ucrânia: impasse nas negociações pode prolongar a guerra para além de 2023 (Celestino Arce/NurPhoto/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 06h00.

Desde a madrugada de 24 de fevereiro, quando o presidente russo Vladimir Putin completou a ordem para bombardear Kiev, mais de 200.000 soldados morreram, segundo a Casa Branca (os números variam), e 10 milhões de pessoas viraram refugiados. A economia global foi afetada: o preço do petróleo e dos alimentos foi às alturas e a crise energética levou a Europa a racionamentos.

O futuro da guerra segue uma incógnita. Ambos os lados parecem pouco dispostos a encontrar uma saída diplomática. A guerra pode durar anos ou terminar em 2023 de forma incompleta, com cessar-fogo parcial e focos de conflito permanentes no leste e no sul da Ucrânia. 

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo na newsletter gratuita EXAME Desperta.

As opções diplomáticas são delicadas. Para o professor Christopher Blattman, da Universidade de Chicago e autor do livro Por Que Lutamos: As Raízes da Guerra e os Caminhos para a Paz, guerras duradouras são resultado da dificuldade de abrir mão de pontos de negociação, algo claro no caso de Rússia e Ucrânia.

A Rússia iniciou a guerra alegando querer impedir a Ucrânia de fazer parte da Otan, aliança militar do Atlântico Norte. Hoje, a grande preocupação de Putin é simplesmente não sair derrotado — um desafio crescente em razão das derrotas das tropas de Putin no norte, leste e sul da Ucrânia.

Analistas trabalham com alguns cenários: a Ucrânia pode continuar retomando áreas no campo de batalha, pressionando a Rússia a ir à mesa de negociação levando alguma proposta de acordo mínimo. Por sua vez, a Ucrânia pode ser pressionada por aliados a abrir mão de alguns pontos em torno das repúblicas separatistas de modo a acelerar algum fim para a guerra.

Nos últimos meses, em resposta às perdas, a Rússia também voltou a bombardear áreas que vinham tendo trégua, como a capital Kiev. Ainda assim, é visto como improvável que a Rússia consiga conquistar mais territórios ucranianos de forma avassaladora, com o Exército herdado da União Soviética em xeque e, além de tudo, uma guerra questionada em casa, sobretudo após milhares de novos jovens serem chamados à guerra nos últimos meses, gerando filas quilométricas para fugas em aeroportos. “Mas o poderio russo não pode ser subestimado”, diz James Sherr, da Chatham House, em evento antes do fechamento desta edição. Não há consenso sobre quando e como a guerra acabará, mas muitos já defendem que será preciso encontrar uma “saída honrosa” para Putin, sob o risco de que o conflito se torne interminável.


(Publicidade/Exame)

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:GuerrasRússiaUcrânia

Mais de Revista Exame

Nove itens essenciais para equipar a sua adega

De Ferraz de Vasconcelos a Seattle

Vira-latismo

Venda de vinhos premium no Brasil escapa de crises e deve crescer

Mais na Exame