Revista Exame

A própria dor virou negócio: os próximos passos da Afrosaúde para o primeiro R$ 1 milhão

O casal Arthur Lima e Igor Leo Rocha fundou a AfroSaúde, uma startup para dar visibilidade ao trabalho de profissionais de saúde pretos e pardos

Igor Leo Rocha e Arthur Lima, da AfroSaúde: Google, Nubank e Amil entre os clientes (Divulgação/Divulgação)

Igor Leo Rocha e Arthur Lima, da AfroSaúde: Google, Nubank e Amil entre os clientes (Divulgação/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.

Última atualização em 14 de junho de 2023 às 09h54.

A intimidade de um casal pode ser um campo fértil para percepções valiosas na hora de montar um negócio. Vide o caso do cirurgião-dentista Arthur Lima e do jornalista Igor Leo Rocha. O casal mora em Salvador, onde 82% da população é preta ou parda. Mesmo com o perfil demográfico da capital baiana, encontrar médicos não brancos ainda é um desafio por ali. Muito disso é ainda um resquício do baixo acesso às faculdades de medicina no Brasil por populações de grupo pouco representados, entre eles, pretos e pardos — um problema social que só começou a ser resolvido com políticas de cotas raciais nas últimas duas décadas. 

Após uma paciente de uma amiga do casal relatar um episódio de discriminação numa consulta médica com um profissional branco, o casal passou a refletir sobre as próprias experiências com cuidado de saúde — e viram aí uma oportunidade. Foi o embrião da AfroSaúde, uma startup dedicada a conectar profissionais de saúde pretos e pardos a pacientes. “A gente cria soluções como objetivos sociais e organizacionais tendo foco na população negra brasileira, mas atendemos pacientes de outras raças e etnias”, diz Rocha. “Mas a oferta de profissionais é só daqueles que se autodeclaram pretos e pardos.” 

A plataforma tem atualmente 1.500 profissionais cadastrados e 6.000 pacientes. Em 2022, o negócio faturou 600.000 reais, graças a vendas do serviço de indicação de profissionais para programas de empreendedores negros e diversos de empresas como Google, Nubank e Reafro, parceira da Amil. 

Nos próximos meses, a AfroSaúde deve oferecer pacotes corporativos de saúde mental. Além disso, criar uma espécie de clube de fidelidade, com descontos em consultas a profissionais pretos e pardos. Para colocar todos os projetos de pé, Lima cuida da parte de gestão e dos projetos de saúde; Rocha, do financeiro e do administrativo. Para ambos, a separação entre momentos de trabalho na AfroSaúde e do relacionamento fora da empresa tem funcionado bem. Até pouco tempo atrás, no entanto, os dois tinham dúvidas sobre o fato de serem um casal à frente de um negócio. “Tínhamos receio de, por sermos um casal, a percepção de investidores seria de que o negócio só daria certo se o relacionamento estivesse bem”, diz Lima. “Mas entendemos que, com a maturidade da relação, conseguimos separar essas duas áreas.” Tem dado certo. Em 2023, a AfroSaúde espera faturar seu primeiro milhão de reais.


(Publicidade/Exame)

Acompanhe tudo sobre:Revista EXAME

Mais de Revista Exame

Cocriação: a conexão entre o humano e a IA

Passado o boom do ChatGPT, o que esperar agora da IA?

O carro pode se tornar o seu mais novo meio de entretenimento

Assistentes de IA personalizáveis ajudam a melhorar a experiência do cliente

Mais na Exame