Pixar sofre investigação informal do governo americano

Os estúdios de cinema e animação entraram na mira da Securities and Exchange Comission (SEC), órgão semelhante à Comissão de Valores Mobiliários do Brasil. Depois de instaurar uma investigação informal sobre as contas da DreamWorks, a autoridade americana agora está interessada no estúdio concorrente, a Pixar Animation. A SEC solicitou à Pixar informações sobre os resultados do segundo trimestre, a fim de verificar como as vendas de DVDs, aquém do previsto, impactaram a empresa.

No final de junho, a Pixar informou ao mercado que não divulgaria seus resultados do segundo trimestre, porque havia subestimado a taxa de retorno das vendas do DVD "Os Incríveis". Ao mesmo tempo, a companhia afirmou que os DVDs e os vídeos VHS do filme venderam 7% menos que o previsto.

Segundo o americano The Wall Street Journal, apesar dos estúdios de Hollywood serem afeitos a certas práticas gerenciais heterodoxas, as companhias cinematográficas têm evitado chamar a atenção dos órgãos fiscalizadores, depois dos recentes escândalos corporativos que tornaram o governo e o mercado mais rigorosos com a prestação de contas financeiras. Os recentes problemas envolvendo a comercialização de DVDs e vídeos pelos estúdios, porém, foram um bom pretexto para que a SEC se voltasse para as empresas do ramo.

Antes da Pixar, a SEC já havia instaurado uma investigação informal sobre a DreamWorks. Apesar de procurar ser mais transparente que a concorrente, informando ao mercado o que estava se passando, a DreamWorks cometeu uma série de deslizes que exemplificam a inexperiência dos estúdios em se comportar como uma empresa de capital aberto, segundo The Wall Street Journal.

Ao lançar o filme "Shrek 2", a DreamWorks afirmou, em janeiro, que havia vendido mais de 37 milhões de DVDs e fitas VHS em todo o mundo. Mais tarde, a companhia divulgou que o número real era menor: 33,7 milhões de unidades. Além disso, a empresa havia previsto que venderia 40 milhões de unidades até março. Na divulgação dos resultados do primeiro trimestre, porém, verificou-se que o volume real era 35 milhões de unidades. Em julho, o desempenho de vendas de Shrek 2, ainda abaixo do previsto, levou o estúdio a cortar suas previsões para o balanço deste ano pela primeira vez.

O episódio levou a SEC a instaurar a investigação. Segundo The Wall Street Journal, no caso de análises informais, como as que envolvem a DreamWorks e a Pixar, o órgão americano não tem poder de punição, caso se verifiquem irregularidades que lesaram os investidores.