Negócios

Essa empresa do Recife fatura R$ 28 milhões fazendo aplicativos. E agora vai para Portugal e EUA

O negócio começou com o fechamento da empresa em que os três sócios trabalhavam; agora, estão mirando novos mercados e produtos

Tiago Sales, Antonio Henrique Araújo e Artur Sá, da Mesa: empresa começou em Recife e trocou seis meses de aluguel por prestação de serviço (Mesa/Divulgação)

Tiago Sales, Antonio Henrique Araújo e Artur Sá, da Mesa: empresa começou em Recife e trocou seis meses de aluguel por prestação de serviço (Mesa/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de agosto de 2023 às 18h17.

Os engenheiros de computação Antônio Henrique Araújo e Tiago Sales e o publicitário Artur Sá eram colegas de trabalho. Os três trabalhavam no escritório de Recife da Fingertips, uma das primeiras desenvolvedoras de aplicativos para celulares no Brasil. E trabalharam lá até o escritório fechar, em 2013. 

“Resolvemos fazer do encerramento das atividades da Fingertips uma oportunidade para tocarmos algo nosso”, diz Sales.

Foi assim que nasceu a Mesa, uma startup de Recife que desenvolve aplicativos de celulares para empresas. Agora, completando dez anos e prestes a faturar 28 milhões de reais, a empresa se prepara para abrir dois escritórios fora do Brasil, um em Portugal e outro nos Estados Unidos. 

Para diversificar a receita, a empresa também está lançando um novo produto. Além de desenvolver aplicativos para terceiros, vão começar a produzir plataformas próprias da Mesa. A ideia é desenvolver novas soluções que poderão ser vendidas no futuro. Foi o que fizeram, como um projeto piloto, com uma plataforma de logística que ajudaram a fazer e que venderam, em 2021, para a Magazine Luiza

“Queremos lançar vários produtos que serão da Mesa. É uma iniciativa em fase de planejamento”, afirma Sales. “A nossa expectativa é que essa frente represente 30% do nosso faturamento”. 

Como a Mesa nasceu

Quando o escritório da Fingertips em Recife fechou, os três colegas se viram em um dilema: queriam empreender, mas não tinham muito dinheiro. A solução foi procurar um coworking e trocar seis meses de aluguel pelo desenvolvimento de um sistema para empresa. E assim, os três fundadores começaram a fazer os primeiros aplicativos. 

“No início, eram só nós três e fazíamos tudo”, diz Sales. “Foi só dois anos depois, em 2015, que começamos a contratar as primeiras pessoas”.

Hoje, a Mesa já desenvolveu cerca de 50 aplicativos para empresas, além de cuidar da manutenção dos projetos. Conta com cerca de 120 funcionários. Em 2022, o faturamento foi de 23 milhões de reais. A expectativa agora é crescer 21%, para os 28 milhões de reais. Para 2024, querem bater 35 milhões de reais de faturamento. 

Como a Mesa fatura

O modelo de geração de receita da Mesa é pela locação de equipes. Um cliente procura a desenvolvedora para criar um aplicativo para sua empresa. Neste momento, o negócio de Recife vai montar um plano mostrando quantos profissionais são precisos (e em quanto tempo) para que o app nasça. O cliente pagará pelo tempo de serviço desses funcionários enquanto eles estão tocando o projeto. 

Além disso, estão com estratégias de diversificação de receita, planejando lançar aplicativos próprios, como “pequenas startups” internas que poderão ser vendidas para o mercado. 

Hoje, a Mesa tem como clientes a Track&Field e a Vibra Energia. Também atende startups e negócios menores, que estão ganhando força agora.

Quais aplicativos a Mesa fez

Entre os 50 aplicativos que a empresa já fez, estão sistemas para marcas como Track&Field, Vibra, Suvinil e Ambev. Veja exemplos:

  • Track&Field: a empresa queria um aplicativo para os eventos de corrida que promove. A Mesa fez uma plataforma em que o atleta consegue se candidatar, comprar no e-commerce e nas lojas físicas, receber kits e participar dos eventos. Além disso, o aplicativo consegue acomparnhar a cronometragem dos atletas em tempo real e processar fotos do evento.
  • Vibra: a Mesa fez o aplicativo Premmia, que é o programa de fidalidade da rede de postos Petrobras
  • Suvinil: a Mesa juntou vários aplicativos que a Suvinil tinha em um só. Assim, em uma mesma plataforma, os usuários conseguem fazer simulação de ambientes, colorimetria, etc. Isso, mantendo a base de usuários que já tinha.

Quais as metas da Mesa fora do Brasil

Após 10 anos de atuação no mercado interno, a Mesa quer expandir sua atuação. Ainda neste ano, vai abrir um escritório em Portugal. Para 2024, também chegará aos Estados Unidos, com uma operação em Miami. 

  • Portugal: em terras lusitanas, a Mesa entrará via uma iniciativa do Porto Digital, um parque tecnológico localizado em Recife. A instituição abriu uma oportunidade para ter operações em Aveiro, na costa-oeste portuguesa. A ideia é que a Mesa atenda as startups investidas pelo Porto Digital em Portugal, assim como faz na operação da instituição aqui no Brasil.
  • Estados Unidos: a operação nos Estados Unidos ainda está sendo estruturada e deverá sair do papel no segundo semestre de 2024. O escritório da empresa ficará em Miami. A aposta da empresa é entrar no mercado norte-americano, onde há uma moeda mais forte para a estruturação de projetos. 

Além dessas duas operações, a Mesa vai abrir um escritório comercial em São Paulo, onde estão cerca de 80% do faturamento da empresa. 

“Lá no início, na época da Fingertips, esse crescimento foi muito influenciado por indicações”, diz Sales. “Poucos anos para cá, a gente está investindo bastante e reforçando a atuação comercial para sair um pouco desse boca a boca e ganhar novos mercados. É por isos que estamos apostando nessas operações fora do Brasil e em São Paulo. Vão ajudar a termos uma previsibilidade melhor de receita”. 

Acompanhe tudo sobre:Startupsempresas-de-tecnologiaRecife

Mais de Negócios

10 franquias baratas de limpeza para empreender a partir de R$ 27 mil

A malharia gaúcha que está produzindo 1.000 cobertores por semana — todos para doar

Com novas taxas nos EUA e na mira da União Europeia, montadoras chinesas apostam no Brasil

De funcionária fabril, ela construiu um império de US$ 7,1 bilhões com telas de celular para a Apple

Mais na Exame