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Macron leva empresários a Versalhes na expectativa de obter investimentos milionários

Presidente recebe 200 líderes corporativos em palácio de luxo, para convencê-los a investir na França

Macron: A situação política também chamou a atenção dos investidores (AFP/AFP)

Macron: A situação política também chamou a atenção dos investidores (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 15 de maio de 2023 às 07h55.

O presidente francês, Emmanuel Macron, convidou cerca de 200 líderes empresariais globais para Versalhes nesta segunda-feira, num esforço de mostrar seu poder de atração de investimentos estrangeiros enquanto tenta reiniciar seu segundo mandato após uma batalha prejudicial sobre a reforma da Previdência. Macron deve se reunir com dezenas de executivos, incluindo Albert Bourla, CEO da Pfizer, e Robert Iger, CEO da Walt Disney, no vasto palácio que Luís XIV fez sede do poder francês.

O ministro da Indústria, Roland Lescure, disse neste domingo à rádio France Info que um investimento de € 710 milhões (US$ 770 milhões) em uma usina de painéis solares no leste da França seria anunciado oficialmente durante o evento.

O "Choose France Summit", evento de atratividade econômica da França, ocorre depois de o líder francês ter viajado para Dunquerque, no norte do país, na sexta-feira, para confirmar que a ProLogium, fabricante taiwanesa de baterias que participou num evento semelhante em Versalhes no ano passado, vai investir até € 5,2 bilhões de euros para construir uma fábrica na região.

Atração de investimentos bilionários

Macron disse que os projetos de investimento a serem anunciados na segunda-feira totalizarão mais de € 10 bilhões, superando todas as edições anteriores da cúpula, que ele convocou pela primeira vez em janeiro de 2018 para atrair executivos C-Level a caminho do Fórum Econômico Mundial de Davos.

Atrair o capital estrangeiro tem sido a marca registrada da política econômica de Macron, e há muitos sinais de que a estratégia rendeu dividendos nos últimos seis anos. A França continua no topo dos rankings de atração de investimentos, enquanto sua taxa de desemprego caiu e o crescimento econômico foi resiliente durante os anos de pandemia de Covid-19 e crises energéticas.

A abordagem pró-negócios do governo - construída com base no afrouxamento das leis trabalhistas e na redução de impostos - é, contudo, cada vez mais impopular entre os franceses. As tensões aumentaram no início deste ano, quando a decisão de Macron de aumentar a idade de aposentadoria provocou protestos em massa, já que os sindicatos argumentaram que era um largo passo na transferência de encargos para os trabalhadores em vez de empresas e ricos.

"As ajudas às empresas aumentaram 20% nos últimos anos e é por isso que a idade da reforma foi aumentada, para financiar tudo isso", disse Marine Tondelier, líder do partido verde EELV, ao canal de televisão France 3 no domingo.

A situação política também chamou a atenção dos investidores e, no mês passado, a Fitch Ratings rebaixou a nota da França, alertando que impasses e protestos representam um risco para a agenda de reformas do líder francês.

"Fizemos um conjunto de reformas para sermos mais competitivos, e a reforma da previdência, que é tão impopular, faz parte disso", disse Macron aos trabalhadores de uma fábrica de alumínio, durante sua visita a Dunquerque. "Se não fizermos tudo isso, não conseguiremos nos reindustrializar."

Os compromissos de investimento anunciados em eventos anteriores nem sempre se concretizaram e, por vezes, os compromissos incluíram elementos já decididos pelas empresas. Os maiores aportes esperados para segunda-feira incluem € 500 milhões da Pfizer, € 400 milhões da GSK Plc e € 910 milhões da Ikea, de acordo com funcionários do gabinete de Macron.

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