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O novo investimento do Fundo Abaporu, da família Horn, na educação

Fundo investe R$ 30 milhões na criação do ITuring, um instituto para a formação em carreiras digitais; Efraim Horn, diretor do Abaporu, conta os objetivos do projeto à EXAME Invest

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Carlos Souza, CEO e um dos fundadores do novo Instituto Turing de Tecnologia, com investimento do Fundo Abaporu | Foto: Beto Lima/ITuring/Divulgação (Beto Lima/ITuring/Divulgação)

Carlos Souza, CEO e um dos fundadores do novo Instituto Turing de Tecnologia, com investimento do Fundo Abaporu | Foto: Beto Lima/ITuring/Divulgação (Beto Lima/ITuring/Divulgação)

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Marcelo Sakate

Publicado em 18 de julho de 2021 às, 08h40.

Última atualização em 18 de julho de 2021 às, 08h56.

O investimento em temas sociais e de impacto ganha cada vez mais adesão no mercado financeiro e na sociedade, em linha com a ascensão da temática ESG (sigla em inglês para princípios ambientais, sociais e de governança).

Para uma das famílias brasileiras mais reconhecidas pelo envolvimento com filantropia e causas sociais, é momento de olhar e investir mais também na educação: nesse contexto, o Fundo Abaporu, de Elie Horn, fundador da Cyrela (CYRE3), a maior incorporadora do país, acaba de lançar o ITuring (Instituto Turing de Tecnologia).

Segundo Efraim Horn, diretor do Abaporu e filho de Elie Horn, a decisão do investimento do fundo parte de duas vertentes complementares. "O papel do empresário é criar jornadas de produtos e serviços que não existem na sociedade e que vão agregar algo que pode ser intangível para as pessoas. Esse é o caso do poder de transformação que a educação traz", disse Efraim, que também é copresidente da Cyrela, à EXAME Invest.

"Por outro lado, o empresário tem a obrigação de levar o país para a frente -- é assim que nós enxergamos na Cyrela. E não deixar a cidade, a empresa e o país correr atrás do mundo", completou. O investimento inicial do Abaporu no ITuring, cuja concepção nasceu há um ano e meio, é de 30 milhões de reais.

Segundo Horn, o princípio aplicado na Cyrela vale para a realidade brasileira e é o que fundamenta a decisão de criação do ITuring. "Cada vez mais, em velocidade que é impossível de acompanhar, o mundo vai para um caminho em que as novas soluções, sejam de produtos ou serviços, são geradas através da tecnologia e da inovação."

O ITuring, cujo nome é inspirado no britânico Alan Turing, matemático e considerado o pioneiro em ciência da computação, teve como um dos cofundadores Carlos Souza, que é o CEO do projeto.

Souza é um dos maiores especialistas do país em plataformas digitais de ensino e do mercado de cursos massivos online (MOOC, na sigla em inglês): foi um dos fundadores da Veduca, uma das plataformas pioneiras de ensino digital, e depois diretor-geral no país do Udacity, empresa americana que é uma das principais do mundo na área.

A meta ambiciosa é formar 1 milhão de alunos nos próximos dez anos de forma online, tanto em cursos livres na área de tecnologia, em um primeiro momento, como em gradução e pós-gradução. Ou seja, oferecer educação de qualidade com escala.

Os dois primeiros cursos livres lançados são Análise de Dados para Negócios e Becoming a Modern Software Engineer (Tornando-se um Engenheiro de Software Moderno, em tradução livre).

"Há um desafio de quantidade e de qualidade na formação de mão-de-obra qualificada para trabalhar com tecnologia, que a pandemia agravou", diz Souza, citando o ranking de competitividade dos países da escola suíça de negócios IMD, em que o Brasil aparece nas últimas posições em talentos e em formação e educação.

A chegada do ITuring mostra um envolvimento crescente de lideranças empresariais do país em projetos de educação. Há três meses, sócios do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME), liderados por André Esteves e família e Roberto Sallouti, lançaram o Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), para a formação de lideranças.

"Em muitos quesitos, o Brasil é o segundo país do mundo na adoção e no consumo de tecnologia, em produtos e serviços, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil é um early adopter. Mas o país não tem mão-de-obra suficiente, tecnólogos, desenvolvedores, engenheiros, para criar aquilo que nós consumimos. Hoje somos reféns de startups internacionais, apps e sites de fora por falta de desenvolvedores e de oportunidades de educação", afirma Horn.

"Queremos reduzir esse abismo e proporcionar educação focada em tecnologia, em desenvolvimento de software, em programação, para que as pessoas, as empresas e o país possam ser não apenas consumidores mas também protagonistas. Essa é a visão macro para a criação do ITuring", completa o empresário.

A visão micro, segundo ele, passa pelo relacionamento do fundo com empresas dos mais variados setores, de construção, serviços financeiros e saúde. "Todas essas empresas querem contratar desenvolvedores para criar ou melhorar novas soluções e ferramentas digitais", de acordo com ele.

Os dois primeiros cursos livres foram lançados depois de consultas com mais de duas dezenas de empresas, entre elas Microsoft e Loft, que definiram as principais demandas. Serão fechadas parcerias, em um modelo B2B, para permitir a capacitação de profissionais de acordo com as respectivas necessidades.

"O objetivo é fechar esse gap e oferecer soluções para o profissional brasileiro, seja ele formado na área ou em outra, como marketing, vendas, que também precisam ser voltados hoje para soluções de tecnologia digitais. A construção vai pelo mesmo caminho, a educação, a medicina. Todas as áreas precisam de profissionais de tecnologia."

Segundo Efraim Horn, faz parte dos planos a entrada de empresas ou fundos que queiram participar do ITuring como investidores, especialmente se já tiverem experiência no setor de tecnologia e educação. "Queremos uma execução mais rápida e eficiente para formar 100 mil alunos, 1 milhão e depois mais, com todas as sinergias possíveis nesse crescimento."

Efraim Horn explica a diferença do investimento na criação do ITuring de outras iniciativas do Abaporu e da família na área.

"É o primeiro investimento em educação do ponto de vista empresarial. Temos muitos do ponto de vista social, tanto no Brasil como no exterior, em colégios e faculdades. É um investimento que no médio prazo vai retornar, na medida em que alunos e empresas avaliem que a experiência valeu a pena e possamos ganhar mais escala."

Além de Souza e Efraim Horn, integram o projeto como integrantes do conselho o professor Ronaldo Mota, membro da Academia Brasileira de Educação com ampla atuação em áreas de novas tecnologias, Youssef Mourad, CEO da Digital Pages, e Rogério Melzi, co-presidente do conselho da Cyrela e ex-CEO da Estácio, e Maurício Safra.

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