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Volume de cerveja não cresceu, mas mercado vê motivos para brindar o 3º tri da Ambev (ABEV3)

Companhia continuou vendo avanço dos rótulos de maior valor agregado, incluindo a Spaten, lançada no Brasil em 2021

Ambev: Spaten ajudou a liderar crescimento de participação da categoria "core plus" (Spaten/ Ambev/Divulgação)

Ambev: Spaten ajudou a liderar crescimento de participação da categoria "core plus" (Spaten/ Ambev/Divulgação)

Já era esperado que o volume de cerveja vendido no Brasil pela Ambev (ABEV3) não trouxesse crescimento no terceiro trimestre, mas o 0% de variação contra o mesmo período do ano anterior desceu redondo. O ponto é que muitos analistas de mercado esperavam queda, ainda que pequena, porque o terceiro trimestre de 2021 foi fora da curva. Mas, mais do que isso, houve melhoria das margens. Resultado: as ações da cervejaria estão subindo nesta quinta-feira, 27.

"Este foi o primeiro trimestre em um tempo em que a precificação da cerveja brasileira da Ambev não veio com comprometimento de volume. Isso deve interromper o processo de erosão das margens em 2023, o que por si só é um bom motivo para comemorar", escreveu a equipe do BTG Pactual. Mas o banco observa que a Ambev ainda teve desempenho inferior ao do principal concorrente, a Heineken. A receomendação neutra foi mantida, com preço-alvo de R$ 16.

"Estamos no caminho certo para entregar um segundo semestre mais forte me termos de receita orgânica e Ebitda, mesmo com ventos contrários", disse Jean Jereissati, CEO da Ambev há pouco na teleconferência de resultados. "Mostramos forte capacidade de execução e uma elasticidade resiliente do mercado."

A equipe do Bank of America (BofA), por exemplo, classificou o resultado melhor do que o esperado. O banco diz que a lucratividade do negócio de cervejas da Ambev no Brasil superou as expectativas. "Os volumes de cerveja no Brasil ficaram estáveis ​​em relação ao ano anterior, em uma comparação difícil, sem comprometimento em termos de receita/hectolitro explicado por uma forte execução dos segmentos 'core' e 'core plus'." Ainda assim, o banco manteve recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 16.

Com a Copa do Mundo do Catar, que vai acontecer entre novembro e dezembro, a expectativa agora é que não tenha água no chope. "Mesmo após resultados negativos a expectativa é que o papel seja destaque em novembro", avalia Lana Santos, especialista de renda variável da Acqua Vero. "Entramos na temporada de verão prontos para entregar a Copa do Mundo. Acredito que será muito melhor do que a de 2018", disse Jereissati, afirmando que a empresa está "muito mais preparada", com ferramentas tecnológicas como a plataforma de vendas B2B (sigla em inglês para vendas a clientes comerciais) BEES e a de venda direta ao consumidor, o app Zé Delivery.

Spaten: gol alemão?

Em tempos de Copa do Mundo, pensar em vitória e Alemanha pode dar dor de cabeça para os brasileiros, mas a Spaten, rótulo alemão trazido pela Ambev para o Brasil no ano passado parece ter sido um "gol de letra" da companhia. A marca alcançou recorde de pontos de venda e impulsionou a categoria "core plus", nome criado pela empresa para se referir aos rótulos de preço numa faixa mais alta do que se pode considerar preço intermediário.

No "core plus", a companhia vem acumulando alguns acertos. Primeiro foi a Brahma Duplo Malte, que conseguiu se consolidar. Agora, com a Spaten, a participação dessa categoria na receita da Ambev é de 10%, bem acima dos 4% do pré-pandemia.

A concorrente Heineken também tem apostado nos rótulos de maior valor agregado e colhido frutos. Tanto Heineken quanto Amstel, seu rótulo "mainstream" (de faixa de preço intermediário) viram o volume crescer dois dígitos. Esse desempenho ajudou a companhia a registrar um avanço de pouco mais de 30% na receita da operação brasileira. No caso da holandesa, o portfólio mais barato, que inclui rótulos como Bavaria, Glacial e Kaiser, continuou em queda, com recuo entre 10% e 13%.

Cenário externo desafia

Segundo Jereissati, os impactos do cenário macroeconômico externo não foram sentidos só no lado doconsumidor, mas também pela cadeia de suprimento. "Não só a commodities ficaram mais caras, mas também os custos logísticos, com aumento do diesel. Por isso nosso resultado nas operações internacionais foram mistas."

Um exemplo negativo foram os países Caribe, um ponto destacado pelos analistas do Itaú BBA, que mantiveram recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 18,00. "Na República Dominicana, o problema de falta de garrafa foi resolvido, mas a demanda não veio no mesmo ritmo. CAC é uma região que precisamos melhorar", disse o CEO. "2022 não tem sido mesmo o ano da CAC", adicionou o diretor financeiro, Lucas Lira.

"Com negócio mais de 80% expostos na América Latina, não somos estranhos a inflação e volatilidade". acrescentou Jereissati, observando que há, sim, ainda "muito por fazer" em questão de margens.

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