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Por que os fundos ainda estão pessimistas com ações de commodities, apesar da alta de preços?

Pesquisa revela baixa exposição de gestores a empresas materiais básicos; incertezas sobre economia chinesa mantêm cautela no mercado

Vale: pessimismo com mercado imobiliário chinês mantém cautela entre investidores  (Germano Lüders/Exame)

Vale: pessimismo com mercado imobiliário chinês mantém cautela entre investidores (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 4 de setembro de 2023 às 16h01.

Uma pesquisa feita pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) revelou que o mercado está com baixa exposição ao setor de materiais básicos. Participaram do estudo 102 gestores de fundos de investimentos, sendo 85% domiciliados no Brasil.

Dos entrevistados, 64% estão com menos exposição ao setor do que seus benchmark (underweight), 19% estão em linha e apenas 17% têm mais ações de empresas de materiais básicos que seu índice de referência. A posição no setor está abaixo da média histórica no portfólio de 53% dos entrevistados.

A maior parte dos entrevistados (65%) tem menos de 10% do portfólio em ações de materiais básicos. A fatia é bem menor que a ocupada pelo setor nos principais índices de ações. Na composição do Ibovespa, somente a Vale (VALE3) equivale a 14,67%.

A tendência, segundo analistas do BTG Pactual, é de que os gestores mantenham os baixos níveis de exposição ao setor.

O que explica o pessimismo com o setor?

O principal argumento para a baixa exposição, segundo a pesquisa, são as preocupações com o mercado imobiliário chinês, que atravessa uma crise diante do alto grau de endividamento de gigantes do setor.

Mais recentemente, a Country Garden, uma das maiores construtoras da China, deixou investidores em estado de alerta para a possibilidade de não conseguir honrar suas dívidas. O temor só foi resfriado após a empresa selar um acordo com os credores para adiar o pagamento. O contexto negativo para o setor foi considerado por 89% dos entrevistados como uma das principais causas para a maior cautela com ações de materiais básicos.

A China, vale recordar, é a maior importadora do minério de ferro brasileiro. A commodity subiu cerca de 16% na bolsa de Dalian nas últimas três semanas, diante das tentativas da China reacelerar sua economia. A segunda principal causa é a "falta de disciplina no lado da oferta", citada por apenas 9% dos entrevistados.

Apesar da alta recente, que levou o preço do minério para próximo de US$ 116, 64% dos gestores acreditam na desvalorização da commodity até o fim do ano. Somente 5% acreditam que o preço se sustentará acima de US$ 110.

O maior pessimismo tem concentrado as apostas vendidas no setor de mineração e siderurgia, também dependente do preço do minério de ferro. Entre as ações favoritas entre as de materiais básicos para a montagem de posições vendidas estão as da CSN (CSNA3), Vale e Usiminas (USIM5), com 25%, 15% e 14% das preferências, respectivamente. O mercado de celulose, também considerado de materiais básicos, aparece apenas quinta posição entre os favoritos para ficar vendido, com a Suzano, com 8% das preferências.

Por outro lado, a Suzano aparece em segundo quando o assunto é a posição comprada favorita em materiais básicos, com 26% das preferências. Vale e Gerdau (GGBR3), estão entre as preferidas para as posições compradas por 44% e 20% dos gestores entrevistados, respectivamente. A Gerdau, em pesquisas anteriores, era a preferida para as posições compradas.

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