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Casino abre caminho para ceder controle a investidor estrangeiro

França já se opôs a tais acordos, como fez quando a canadense Alimentation Couche-Tard tentou comprar o Carrefour, rival do Casino

Casino: varejista francesa deve ficar sob o controle de um investidor estrangeiro. (Bloomberg/Getty Images)

Casino: varejista francesa deve ficar sob o controle de um investidor estrangeiro. (Bloomberg/Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 17 de julho de 2023 às 09h26.

O investidor tcheco Daniel Kretinsky pode assumir o controle do Casino Guichard Perrachon depois de obter o apoio dos principais credores com uma oferta melhorada, o que abre caminho para um resgate liderado por estrangeiros da varejista francesa endividada.

Um grupo rival, sob o comando do bilionário francês das telecomunicações Xavier Niel, saiu da competição para injetar capital e reestruturar o balanço de uma empresa que detém o controle das redes Monoprix e Franprix.

Com as mudanças, uma das varejistas mais conhecidas da França deve ficar sob o controle de um investidor estrangeiro. O país já se opôs a tais acordos, como fez quando a canadense Alimentation Couche-Tard tentou comprar o Carrefour, rival do Casino, há mais de dois anos.

Existem algumas diferenças importantes na oferta de Kretinsky que podem torná-la mais palatável para as autoridades em Paris. A proposta do investidor tcheco inclui um sócio local na Marc Ladreit de Lacharrière, e Kretinsky, um francófilo autoproclamado, já detém participações em uma série de ativos franceses, incluindo a editora Editis, o jornal Le Monde e a varejista Fnac Darty.

As lojas de conveniência do Casino no centro de Paris e na Cote d’Azur são consideradas ativos valiosos, apesar dos problemas mais amplos da empresa, que foram causados em parte por hipermercados de baixo desempenho em locais fora das cidades.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse na semana passada que ambas as ofertas para recapitalizar o Casino são sólidas e não é papel do estado tomar partido, sinalizando que não seria problema para um investidor não francês ser o maior acionista da varejista. Como o Casino precisa de um resgate, também há menos espaço para o governo se opor, como fez por motivos de interesse nacional quando recusou a oferta pelo Carrefour, que está em melhor situação financeira.

Outros investidores que competiam pelo Casino — um grupo chamado 3F, liderado por Niel, o banqueiro Matthieu Pigasse e o empresário de varejo Moez-Alexandre Zouari — decidiram não enviar uma oferta melhorada depois de não receberem informações exigidas da empresa. O principal credor com garantias que apoiava a proposta, o fundo de crédito Attestor Capital, também mudou de lado para se alinhar com Kretinsky.

Os últimos acontecimentos seguiram uma oferta revisada do grupo liderado por Kretinsky.

A oferta mais recente envolve menos capital — 1,2 bilhão de euros (US$ 1,4 bilhão) em vez de 1,35 bilhão de euros — e uma conversão menor de dívida garantida em ações, de 1,35 bilhão de euros contra 1,5 bilhão de euros, de acordo com uma pessoa a par do assunto que falou sob anonimato. A mudança significa melhores condições de conversão para os credores com garantia do que na oferta anterior.

Os detalhes foram relatados anteriormente em uma entrevista de Kretinsky ao jornal francês Les Echos. Um representante de Kretinsky não quis comentar.

Além da Attestor, os detentores de dívidas Davidson Kempner Capital Management, Farallon Capital Management, Monarch Alternative Capital e Sculptor Capital Management agora apoiam a oferta da Kretinsky, apurou a Bloomberg News anteriormente.

A reestruturação da dívida vai praticamente zerar o valor das ações da empresa, disse o Casino, e o presidente do conselho e CEO Jean-Charles Naouri perderá o controle do negócio. A negociação das ações do Casino foi suspensa na segunda-feira.

Embora as recentes mudanças esclareçam o provável controle futuro do Casino, ainda há trabalho a ser feito na reestruturação da dívida da varejista.

A empresa tem trabalhado em um procedimento conhecido como conciliação, que precisa ser concluído. Em seguida, outro processo chamado salvaguarda pode começar e diferentes grupos de partes interessadas impactadas podem votar no acordo. Mesmo uma versão acelerada do processo pode durar até três meses, com uma extensão potencial de um mês, se necessário.

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