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Carrefour Brasil: Juros altos aumentam custos de aquisição do BIG e derrubam lucro no 3º tri

Embora receita líquida tenha crescido 40%, para R$ 27,7 bilhões, no período, resultado da supermercadista ficou 49% menor, em R$ 323 milhões

Carrefour: Vendas na operação de varejo cresceram mais com ambiente de redução de inflação (Germano Lüders/Exame)

Carrefour: Vendas na operação de varejo cresceram mais com ambiente de redução de inflação (Germano Lüders/Exame)

O lucro líquido do Carrefour Brasil (CRFB3) caiu 49% no 3º tri, para R$ 323 milhões. O resultado da varejista foi afetado pelo efeito do custo da aquisição da rede BIG, dado o ambiente de aumento dos juros básicos. "Era esperado. Vai compensar conforme gere caixa da aquisição e voltamos a um nível de dívida mais baixo", diz o diretor financeiro David Murciano. O lucro líquido ajustado ficou 58% menor, a R$ 256 milhões (esse número desconta efeitos não recorrentes).

"Mas o fluxo de caixa mostra que seguimos crescendo", acrescentou ele. O fluxo de caixa da companhia avançou 17,1%, para R$ 6,38 bilhões. A companhia, conta, espera agora um quarto trimestre de crescimento mais forte de vendas, com expectativa pela Black Friday e ocasiões de consumo do fim do ano, que ainda terá a Copa do Mundo. 

A receita líquida da companhia cresceu 39,7%, para R$ 27,74 bilhões.

Com operação dividida entre varejo e atacarejo, o comportamento das vendas da companhia foi impactado pela redução da inflação de diferentes maneiras nos dois negócios. O varejo, representado pela bandeira Carrefour, viu as vendas crescerem 15% em mesmas lojas, excluindo combustíveis. No total, a venda bruta da operação chegou a R$ 8,2 bilhões. Já a operação do atacarejo, representada especialmente pelo Atacadão (lojas do grupo BIG estão sendo convertidas), crsceu 10,5% nas mesmas lojas, com as vendas brutas alcançando R$ 19,7 bilhões.

"Algo que observamos, quando os preços estão caindo, os clientes do B2B (sigla para o termo em inglês business to business, que significa as operações para clientes comerciais) aguardam porque sabem que o preço vai abaixar. E isso impacta em margem porque a empresa [varejista] comprou a outro preço. Mas isso faz parte do modelo do Atacadão e do atacarejo em geral", diz Murciano.

Em 2021, com ambiente inflacionário elevado, as margens do atacarejo subiram. Agora, com inflação em queda, a margem recuou, mas, segundo o diretor, está dentro do patamar histórico da operação, de 15%.  Já para o varejo, que tem posicionamento de preço mais alto, esse contexto de queda de inflação é benéfico, conta o diretor. 

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da operação de varejo cresceu 15,3% e a do atacarejo, 8,1%. No entanto, o indicador recuou 11,8% no Banco Carrefour, onde a companhia adotou um posicionamento de concessão de crédito mais conservador, conta Murciano. No consolidado, o Ebitda somou R$ 1,7 bilhão, avançando 14%.

Avanço da incorporação do BIG

Segundo o diretor da companhia, o momento mais complexo da integração do BIG já ficou no passado. "Uma das etapas muito complicadas do processo de integração é a transformação do sistema, que pode ser perigosa. Mas já passamos, e com muito sucesso. Por isso temos já lojas convertidas e indo muito bem", disse. Isso deu segurança, segundo ele, para a companhia rever a projeção de 30% para 40% de conversão de lojas neste ano da operação adquirida.  

"Queremos acelerar, porque os resultados são bons. Estamos no nível esperado de vendas, 60%. A negociação com fornecedores também está evoluindo, que é uma alavanca muito positiva de alinhar com eles preços", explica. 

Com endividamento ainda afetado pela aquisição, a alavancagem da companhia está abaixo de 2 vezes a relação dívida líquida  e Ebitda e assim deve ficar até o fim do ano, acredita o diretor, mesmo com a dívida líquida tendo saltado 92% no terceiro trimestre. "A gente tem uma geração de caixa que é muito boa. Temos um plano de R$ 2 bilhões de capex [investimento] para os próximos anos, mas também temos planos de geração de sinergia. Então achamos que vai começar a melhorar no fim de 2023 já."

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