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Após pedir recuperação judicial, ações da construtora Rossi (RSID3) afundam 9%

Ação da construtora está próxima de suas mínimas. Valor do papel caiu 99,95% desde 2007

Empreendimento da Rossi Residencial: empresa está passando por dificuldades financeiras desde 2017 (Rossi Residencial/Divulgação)

Empreendimento da Rossi Residencial: empresa está passando por dificuldades financeiras desde 2017 (Rossi Residencial/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 20 de setembro de 2022 às 12h17.

Última atualização em 20 de setembro de 2022 às 12h23.

Perto de suas mÍnimas históricas, o valor de R$ 2,61, as ações da Rossi (RSID3) chegaram a cair 17% nesta terça-feira, 20, após a construtora anunciar que pediu recuperação judicial, em fato relevante divulgado nesta segunda-feira, 19. Às 12h20, contudo, o papel havia recuperado parte das perdas, e registrava desvalorização de 9,8%.

O valor do papel caiu 99,95% desde 2007, excluindo dividendos. Mas, de 2000 a 2007 chegou a render 1.000%. Sua mínima foi atingida em junho, quando a ação chegou a custar R$ 1,81.

O grupo, composto por 313 sociedades, ajuizou ontem o pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital do Estado de São Paulo.

Segundo a construtora, o pedido de recuperação judicial "representa uma etapa fundamental no processo de equacionamento econômico-financeira do grupo", iniciado em dezembro de 2017, com a
reestruturação de dívidas corporativas contratadas junto a instituições financeiras.

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Para a administração, a recuperação é o instrumento adequado para viabilizar uma "solução global e definitiva" para a readequação do fluxo de caixa do grupo, a manutenção de sua normalidade operacional e a retomada da expansão de suas atividades.

A construtora foi constituída na década de 80 com foco na construção de imóveis de médio e alto padrão na região metropolitana de São Paulo. A partir da década de 90, expandiu suas operações para o interior do Estado, bem como para o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A expansão culminou, em 1997, com a abertura de capital da Rossi, que captou aproximadamente US$ 10 milhões com a emissão de ações na B3 e ADRs na Bolsa de Nova York.

A empresa tem 35 mil colaboradores e foi responsável pela entrega de mais de 750 empreendimentos, espalhados por 17 estados. Atualmente, o grupo administra um landbank composto por aproximadamente 19 terrenos, com um valor geral de vendas estimado em R$ 1,9 bilhão e comercializa a venda de mais de 400 unidades imobiliárias de empreendimentos já concluídos.

Impacto de constantes crises

Como razões para a crise financeira na qual se encontra, a construtora cita que os últimos anos foram marcados por forte recessão na economia brasileira, refletida no aumento da taxa básica de juros, dos índices de inflação e da estagnação econômica, que geraram impactos no mercado imobiliário, tais como aumento da taxa de inadimplência e crescimento do número de pedidos de distratos

Somado a isso, aponta que a pandemia de Covid-19 trouxe consequências para a renda dos brasileiros e provocou a diminuição da aquisição de unidades imobiliárias, seja em razão do aumento do número de pedidos de distratos, causando descompassos na liquidez e fluxo de caixa da companhia.

Entre 2013 e 2021, o volume de distratos, que representava 29,4% das vendas brutas no primeiro ano da série, superou o volume vendido no ano de 2021 em 35,3%. Depois de seu plano de renegociação de dívidas, seu endividamento com a Caixa Econômica Federal, que, em 2017, se aproximava de R$ 1,66 bilhão. foi reduzido em mais de 90%. Contudo, a solução encontrada abalou o risco de crédito da construtora, que passou a ter dificuldade em acessar novas linhas de crédito para financiar novos empreendimentos imobiliários perante as instituições financeiras.

O patrimônio do Grupo Rossi retido, tanto por meio de depósitos elisivos quanto por meio de bloqueios de seu patrimônio, é de cerca de R$ 45,4 milhões e tem mais de R$ 29,1 milhões em ativos imobiliários indisponíveis em razão de ações obtida por credores.

A construtora que recentemente pediu recuperação judicial foi a PDG. Encerrada em 14 de outubro do ano passado, a companhia conseguiu reestruturar um passivo de mais de R$ 5,3 bilhões frente a 22 mil credores. A Viver também encerrou sua recuperação judicial no ano passado.

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