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Startup capta R$ 15 mi com seguro auto mais barato para quem dirige melhor

Sem estar com o produto no mercado ainda, a insurtech atraiu investimentos da Kaszek e de CEOs de sete startups unicórnios

Mercado: cerca de 70% dos veículos que rodam no Brasil não têm nenhuma proteção contra furto ou acidentes, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras 
 (Thomas Barwick/Getty Images)
Mercado: cerca de 70% dos veículos que rodam no Brasil não têm nenhuma proteção contra furto ou acidentes, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (Thomas Barwick/Getty Images)
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Carolina Ingizza

27 de maio de 2021 às 13:00

Foi jogando futebol em uma equipe de amadores em São Francisco, nos Estados Unidos, que o indiano Dhaval Chadha conheceu seus futuros sócios na startup de seguros Justos, o mexicano Jorge Soto Moreno e o espanhol Antonio Molins. O trio, que tinha cargos de lideranças em empresas de tecnologia como Classpass, Netflix e Airbnb, decidiu deixar a estabilidade de lado em meados do ano passado para empreender em um negócio na América Latina.

“A gente só sabia que queria desenvolver na região algum negócio a base de dados no setor de finanças ou saúde”, diz Chadha, em um português sem sotaque, ao EXAME IN. Antes de ir para o Vale do Silício, o empreendedor morou por sete anos no Rio de Janeiro, onde fundou uma consultoria e uma empresa de investimentos.

A oportunidade ideal apareceu quando os sócios foram investigar o setor de seguros latino-americano, que cresce constantemente, mas ainda tem baixa penetração e é dominado por empresas tradicionais. Com a ideia de usar tecnologia e análise de dados para oferecer um produto para automóveis mais barato, os empreendedores lançaram insurtech Justos em outubro do ano passado.

A empresa saiu do papel com um cheque inicial de R$ 15 milhões em uma rodada de capital semente liderada pela Kaszek e com participação da Big Bets e de sete presidentes de unicórnios, entre eles David Vélez, do Nubank, Sergio Furio, da Creditas, Assaf Wand, da Hippo Insurance, e Fritz Lanman, da Classpass.

Antonio Molins, Jorge Soto Moreno e Dhaval Chadha, fundadores da Justos: empresa promete oferecer seguro auto até 30% mais barato que a média (Justos)

O Brasil, com sua frota de quase 70 milhões de carros, é o primeiro mercado em que a startup vai atuar. Por aqui, a oportunidade é grande: cerca de 70% dos veículos que rodam no país não têm nenhuma proteção contra furto ou acidentes, segundo os dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). Com os custos obrigatórios de IPVA e licenciamento, além dos gastos com combustível e revisões, o seguro é um luxo para uma parcela da população.

A estratégia da Justos para conquistar clientes é oferecer um produto que seja entre 20% e 30% mais barato que a média de mercado usando os dados de direção para precificar o seguro. Hoje, as seguradoras usam dados demográficos, como gênero, idade e localização, para dar o preço, mas a startup acredita que quem dirige melhor deve pagar menos.

Mês a mês, o preço da apólice do motorista pode cair conforme a qualidade da direção naquele período, o que depende de medições feitas com o smartphone do usuário para determinar o número de freadas bruscas, a velocidade média e uso do celular ao volante, por exemplo. O modelo é similar ao utilizado pela americana Root Insurance, que levantou cerca de US$ 725 milhões em sua abertura de capital em Nasdaq em outubro do ano passado.

Nos últimos sete meses, a equipe de 20 pessoas da empresa tem trabalhado para desenvolver a tecnologia que possa fazer essa análise de direção dos clientes a partir do smartphone. A startup também está construindo ferramentas de inteligência artificial para uma análise e resposta mais rápida dos sinistros a partir de fotos. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados, problemas relacionados a batidas, por exemplo, demoram, em média, 48 dias para serem solucionados. O cofundador Antonio Molins, que trabalhou como cientista de dados em empresas como Netflix, Airbnb e Clarity, comanda essa frente da operação.

O seguro da Justos dará cobertura para perda total, parcial, roubo, furto, alagamento e também oferecerá serviços de guincho, chaveiro, troca de pneu e pane elétrica. O cliente é quem definirá o nível de cobertura. Mais para frente, a ideia da empresa é permitir também que os clientes possam “desligar” a cobertura do seguro quando não forem usar o carro por mais de dois dias, para diminuir o custo da apólice.

O serviço ainda não tem data definida para começar a operar, mas a insurtech garante que deve ser disponibilizado ainda este ano na cidade de São Paulo. Para reunir os primeiros interessados, há uma lista de espera no site. O plano dos sócios, depois do lançamento, é levantar uma Série A para continuar a expandir o negócio.

Enquanto a Justos não coloca o produto na rua, outras insurtechs estão atuando no segmento. Uma delas é a Pier, que recebeu um aporte de 14,5 milhões de dólares no ano passado, e hoje oferece um seguro auto a partir de R$ 16 por mês. Outra é a Thinkseg, que desde sua fundação em 2016 já acumula mais de 30.000 clientes em seu seguro automotivo personalizável e que funciona no modelo “pague para usar”.

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