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Petrobras ganha R$ 24 bi na bolsa em um dia após tumulto arrefecer

Discurso do planalto sobre novo CEO abranda e cria espaço até para ações acompanharem reação do petróleo

KS

28 de junho de 2022 às 14:47

O tom brando do governo federal durante a posse de Caio Paes de Andrade na Petrobras deixou investidores, em certa medida, aliviados. Em declaração no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o executivo recém-chegado vai trazer uma nova dinâmica à estatal. Com tudo “na conformidade, na base da lei, sem querer interferir em nada”, nas palavras do presidente do país. É uma mudança significativa em relação aos acontecimentos da última semana – quando a possibilidade de alterar a lei das estatais, mexer na paridade de preços e na diretoria da empresa foram possibilidades exploradas em esfera federal. Coincidência ou não, as ações ordinárias da Petrobras tiveram alta de 6,75% ontem e fecharam a R$ 30,86, e as preferenciais, de 6,43%, em R$ 27,98. Ou seja, a Petrobras ganhou R$ 23,9 bilhões em valor de mercado em um único dia. E hoje nada de realização: os papéis seguem com valorização. Mais branda, porém ainda para cima.

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Comparada aos ataques que a petroleira sofreu do governo na semana passada, de todos os lados e poderes, a calmaria deu um fôlego para os investidores conseguirem reagir e acompanhar em parte à alta no mercado internacional de commodities. A reafirmação de que tudo deverá seguir nos conformes diante das turbulências que a companhia enfrenta — com o quarto presidente em menos de um ano — parece ter gerado certo alívio. Representa, também, certa atenção da esfera federal em relação às preocupações sobre o quanto a interferência na companhia poderia afetar o próprio risco Brasil.

Para completar o cenário de bonança, o boom de commodities fora do país, com sinalizações de reabertura da China pós-lockdown e o aumento de restrições à Rússia, também impulsionaram o setor de modo geral por aqui. Além do salto na Petrobras, os papéis da Vale fecharam em alta de 4,6% nesta segunda-feira, e os da PetroRio, em alta de 5,29%

Apesar do alívio em relação ao que estava acontecendo nas últimas semanas, ainda é cedo para falar em mudança de tom ou sossego. Na visão de Leonardo Rufino, sócio e gestor da Mantaro Capital (que tem ações da Petrobras), o jogo político vai continuar desempenhando papel fundamental sobre a companhia e há incerteza sobre o que o resultado das eleições significará para o futuro da empresa. O movimento atual do governo, nesse sentido, trouxe certa serenidade para as expectativas do Congresso e, consequentemente, uma visão de certa estabilidade, ao menos por enquanto, para a companhia. 

Em meio a esse cenário, a visão do gestor é a de que ainda vale a pena entrar no papel. A companhia está excessivamente barata, mesmo com todos os riscos que a situação política atual oferece, na visão dele. “O noticiário dificilmente poderia ser pior para a Petrobras, mas a companhia está excessivamente descontada. Ela está gerando quase metade do valor de mercado de caixa por ano, ou seja, em dois anos, vai retornar tudo que compramos com a ação dela. Além disso, de outubro para cá, quando compramos o papel, a ação ficou relativamente parada, mas ganhamos 36% na forma de dividendos. Acompanho as ações desde 2000 e nunca vi um patamar tão baixo”, diz o especialista. 

O cenário é compartilhado pelo Itaú BBA em relatório divulgado nesta terça-feira. Analistas estão atentos à volatilidade no preço dos papéis, mas ponderam um futuro promissor para a Petrobras. “Pensamos que a atual combinação sem precedentes de alta no preço do petróleo e taxa de câmbio, juntamente com o ambiente pré-eleitoral volátil atuou como teste de estresse da capacidade de a empresa reagir à paridade internacional”, escrevem.

A recomendação do banco é a de compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 43,00 até o fim de 2022. A estimativa é a de que a companhia seja negociada a 2 vezes EV/Ebitda deste ano e 2,1 vezes em 2023, o que representará um upside de 63% sobre o preço-alvo.  Em meio a todo esse cenário, o veredito é de que as perspectivas positivas são um alívio para os investidores diante da turbulência das últimas semanas — mas a novela da Petrobras ainda está longe de acabar.

 

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