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Oi: o plano que transforma a tele em uma 'startup' com receita de R$ 15 bi

Tele será uma companhia com rápido crescimento de receita e sem o peso de ativos de infraestrutura

Nova Oi, de Rodrigo Abreu: estimativa é que receita líquida possa alcançar entre R$ 14,8 bilhões e R$ 15,5 bilhões em 2024 (Michael Nagle/Bloomberg)
Nova Oi, de Rodrigo Abreu: estimativa é que receita líquida possa alcançar entre R$ 14,8 bilhões e R$ 15,5 bilhões em 2024 (Michael Nagle/Bloomberg)
GV

19 de julho de 2021 às 11:57

A Oi vai viver uma vida de startup daqui para frente. O negócio será de alto crescimento, conforme o plano trianual anunciado há pouco, e totalmente leve em ativos, uma vez que a companhia está na fase final de seu programa de R$ 34,6 bilhões de desenvestimento. Dos diversos ativos vendidos, a operação móvel e o controle da rede de fibra foram os maiores, somando juntos mais de R$ 29 bilhões.

Neste ano, a receita da empresa só com a venda de assinatura dos serviços de fibra deve alcançar R$ 3 bilhões. Mas o plano da companhia prevê que esse total vai alcançar R$ 9,3 bilhões no ano de 2024.

Na nova vida da tele, a empresa estará concentrada no atendimento ao cliente, ou seja, no varejo de telecomunicações. A infraestrutura estará nas mãos de outros competidores. No caso da rede de fibra, a tele, porém, continuará como acionista minoritária na empresa de redes, a InfraCo. Essa unidade teve o controle vendido ao fundo BTG Pactual Economia Real (do mesmo grupo que controla a Exame), gerido pela instituição, com recursos de investidores. Nesse caso, ao mesmo tempo, a Oi será cliente dessa companhia (que será parte de seu custo), mas também participará e receberá parte dos resultados — pois terá uma fatia de 42,1% do negócio.

O presidente da Oi, Rodrigo Abreu, está nesse momento apresentando o projeto da companhia para o triênio 2022 a 2024. Na versão repaginada da companhia, a tele vai se posicionar como uma empresa totalmente orientada por dados e promoverá, ao mesmo tempo, mudanças na relação e experiência de usuário e também na base de custos.

A receita total projetada para 2024 varia de R$ 14,8 bilhões a R$ 15,5 bilhões, com Ebitda entre R$ 1,9 bilhão e R$ 2,3 bilhões. Os números equivalem a um crescimento expressivo, uma vez que a receita líquida do que seria a nova Oi, sem considerar a operação celular, portanto, foi de R$ 2,2 bilhões nos três primeiros meses deste ano — o que significaria um volume pouco abaixo de R$ 9 bilhões em termos anualizados.

É a primeira vez que a tele mostra em níveis tão detalhados suas estimativas para sua nova versão, após o fim do processo de recuperação judicial e venda de ativos. Ao fim e ao cabo, a empresa será um tipo de varejo tech de serviços de telecomunicações, com alguns componentes mais "old economy", com uma força grande de atendimento ao cliente e de campo.

Na frente de novos serviços, a nova Oi espera conseguir atingir uma receita de R$ 1 bilhão em 2024. O executivo listou como a empresa pode alcançar receitas importantes mesmo com fatias muito diminutas em grandes mercados como varejo online, pagamentos, conteúdo, logística, games, telemedicina e casa digital.

A expectativa é que, mesmo após se desvincular dos quase 40 milhões de clientes da operação celular e da base de TV (cuja venda ainda não aconteceu), a Oi chegue em 2024 com 50 milhões de unidades geradoras de receita, ou clientes. Não por acaso, Abreu fez questão de se comparar à coqueluche da tecnologia e da nova economia. Ele posicionou sua base em comparação aos 17 milhões de clientes da Netflix no Brasil e aos 40 milhões de usuários do Nubank.

Na frente de custos, a nova Oi, em 2024, deve ter uma base equivalente a cerca de 67% do total atual. A economia é fruto da desobrigação de custos de diversas operações vendidas, bem como de ganhos de eficiência esperados. Há uma previsão, segundo Abreu, de economias superiores a R$ 1 bilhão com a melhoria da gestão.

Além disso, a empresa espera melhorias na estrutura de custos fruto da revisão do modelo de concessão para o de autorização e destacou que o processo de arbitragem contra o Estado, a União, pode render recursos relevantes, mas dar uma orientação de valores potenciais. A tele não é a única a processar o governo. Vivo e Claro acabaram de assinar com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O pote de ouro da InfraCo

Abreu deu grande destaque para o valor que estima para a companhia de fibra, que será controlada pelo fundo de participações gerido pelo BTG Pactual. A expectativa é que a operação de venda de capacidade de fibra saia de uma geração de Ebitda de R$ 1 bilhão, neste ano, para R$ 5,4 bilhões, em 2025. Essa expectativa significa que a InfraCo teria um valor de empresa (que inclui dívida líquida) de R$ 54 bilhões.

Abreu chamou atenção para o que isso pode significar para a Oi de uma forma muito simples. Ele destacou que a participação da empresa teria um valor de empresa equivalente a R$ 22 bilhões. A Oi hoje tem um valor de mercado de R$ 9,3 bilhões e um valor de empresa (com a dívida), superior a R$ 38 bilhões, conforme dados do Yahoo Finance, ainda sem ter 'desconectado' os ativos vendidos. As transações aguardam os avais finais necessários para serem executadas.

Vale lembrar que a companhia de fibra tem um intenso programa de investimentos para os próximos anos, de dezenas de bilhões, o que deve levar a companhia a alcançar 32 milhões de casas passadas em 2025. A Oi deve terminar este ano com 15 milhões de casas passadas.

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