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O fim da era Boeing-Airbus: Embraer decola com mega upgrade do Morgan Stanley

Banco americano reconhece novo momento da brasileira em meio à crise das concorrentes, vê potencial de alta de quase 50% e vaticina: 'fadada ao sucesso'

Embraer: Portfólio de novos produtos, num momento de demanda maior que a oferta (Foto: Germano Lüders/Exame) (Germano Lüders/Exame)
Embraer: Portfólio de novos produtos, num momento de demanda maior que a oferta (Foto: Germano Lüders/Exame) (Germano Lüders/Exame)

14 de março de 2024 às 16:11

Depois de anos encarada como um player regional e de nicho da aviação pelos investidores, a hora da Embraer parece finalmente ter chegado. Um relatório divulgado hoje pelo Morgan Stanley consolida uma transformação no visão do mercado e está fazendo as ações dispararem, com alta de quase 10%, a maior cotação em oito anos, O banco duplicou o preço-alvo e elegeu a companhia como sua favorita no setor aeroespacial mundial.

“Vemos a Embraer como o terceiro player no mercado de aeronaves comerciais, ganhando espaço e quebrando o duopólio de Boeing e Airbus”, escreveu a equipe liderada por Kristine Liwag.

Num relatório de 34 páginas, os analistas fazem uma longa análise para mostrar que a empresa brasileira é a mais bem preparada para decolar em meio ao cenário de demanda superior à oferta de aviões no mercado global e problemas das maiores concorrentes.

Enquanto a Boeing  se vê as voltas em sua maior crise, com atrasos de entregas e problemas na sua principal linha, a de 737, a Airbus já está com sua capacidade de produção preenchida até o fim da década.

Vale lembrar que a Embraer quase fundiu sua área de aviação comercial com a Boeing, numa transação em 2018 que acabou sendo cancelada em 2020 (no que, numa análise de retrovisor, se provou um dos maiores casos de livramento da história dos M&As).

“Depois de múltiplos ciclos de investimento para ampliar e aprofundar seu portfólio, a Embraer está fadada ao sucesso nesse ciclo”, apontam os analistas.

O portfólio da companhia de São José dos Campos tem vários novos produtos, incluindo as novas gerações de E190 e E195 do lado da aviação comercial, o Phenom 100/300 e o Praetor 500/600 na aviação executiva e o KC-390 Millenium em defesa. Além disso, adiciona o Morgan Stanley, expandiu suas capacidades em manutenção e serviços.

O banco reajustou todas as previsões para cima.

A projeção de receita para o ciclo de 2023 a 2028 passou de US$ 680 milhões para US$ 3,9 bilhões (2,5% acima do consenso), e a geração de caixa passou de US$ 262 milhões para US$ 433 milhões.

Tudo isso se traduziu no preço-alvo das ADRs, que passou de US$ 19 para US$ 40. Embraer apresenta os resultados do quarto trimestre na segunda-feira, 18 de março.

O ADR negocia hoje em alta de 8%, a US$ 23,24 e a ação negociada na B3 dispara 8,8%, para R$ 28,99.

Além de uma melhora nos fundamentos, a Embraer conta com outros catalisadores que podem impulsionar seu desempenho daqui para frente, segundo os analistas.

O primeiro é a resolução de uma arbitragem de Boeing e Embraer relacionada à aquisição mal-sucedida da Boeing da parte de aviação comercial da Embraer, com uma potencial liquidação em dinheiro.

O segundo é a perspectiva da volta da Embraer como uma empresa pagadora de dividendos em 2025. E o terceiro envolve aumento de pedidos para para aviação comercial e defesa.

Para os analistas, o mercado não está olhando o suficiente para a mudança estratégica na Embraer de um período de investimentos de décadas para um período atual de colheita desses aportes.

“Desde o desenvolvimento do primeiro turboélice civil/militar em 1969 com o governo brasileiro, Bandeirante, Embraer fizeram o que muitas empresas (muitas vezes com o respectivo patrocínio do Estado-nação) falharam em fazer: projetar, certificar e construir aeronaves comerciais que sejam competitivas com Boeing e Airbus”, afirmam os analistas.

Um dos principais pontos de atenção históricos em relação à companhia tem sido a atividade mais fraca do que o esperado na demanda por aviões da empresa, mesmo com uma linha de produção robusta. Isso é algo que está mudando. A American Airlines encomendou 90 aeronaves E175, com direito de compra adicional de mais 43. É mais do que a Airbus e Boeing receberam em pedidos.

“Embora o E175 ainda esteja na categoria de jato regional e, portanto, não seja exatamente uma comparação laranja com laranja para a frota da Airbus e da Boeing, o pedido da American Airlines é estratégico na medida em que preenche o backlog da Embraer até 2026 e traz estabilidade de produção para competir com a Airbus e com a Boeing”.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.