Logo Exame.com

Novo unicórnio: Nuvemshop capta R$2,6 bilhões com Tiger e Insight Partners

Na nova rodada, que aconteceu cinco meses depois da série D, a empresa de e-commerce foi avaliada em R$ 16 bilhões

Santiago Sosa, presidente e cofundador da Nuvemshop: empresa tem mais de 90.000 lojistas clientes na América Latina
Santiago Sosa, presidente e cofundador da Nuvemshop: empresa tem mais de 90.000 lojistas clientes na América Latina
CI

17 de agosto de 2021 às 06:00

Há um novo unicórnio na América Latina: a startup de e-commerce Nuvemshop, criada na Argentina e radicada no Brasil, acaba de ser avaliada em R$ 16 bilhões (US$3,1 bilhões) em uma rodada série E, na qual captou cerca de R$ 2,6 bilhões (US$ 500 milhões). Para além do valuation expressivo, o investimento na empresa chama a atenção por sua rapidez: faz apenas cinco meses que a companhia levantou R$ 500 milhões em sua série D. Antes disso, em outubro do ano passado, havia captado outros US$ 30 milhões.

A nova rodada foi coliderada pelos fundos Insight Partners (Twitter, Alibaba) e Tiger Global Management (Spotify, Uber), mas teve também a participação da Alkeon, da Owl Rock, da Sunley House Capital (Advent) e da VMG Partners. Investidores anteriores da companhia, como Accel, Kaszek, Kevin Efrusy, Qualcomm Ventures LLC e ThornTree Capital, também participaram.

Fundada em 2011 por Santiago Sosa, Alejandro Alfonso, Martín Palombo e Alejandro Vásquez, a empresa oferece a pequenos e médios lojistas um caminho fácil para começar a vender online, fornecendo desde infraestrutura para o site até a conexão com meios de pagamento e empresas de logística.

Desde que a crise da covid-19 começou em março do ano passado, a procura pelos serviços da startup explodiu. De janeiro a dezembro de 2020, a empresa passou de 25.000 lojistas clientes para mais de 70.000. Hoje, já são mais de 90.000 clientes em toda a América Latina usando seus serviços — Brasil e Argentina são os principais mercados, mas a companhia atua também no México.

As boas métricas de crescimento da empresa atraíram o olhar de fundos em busca de boas oportunidades no comércio eletrônico na América Latina. A região é onde o e-commerce cresce mais rápido no mundo — a média é de 37% ao ano, contra 32% da América do Norte e 26% da Ásia-Pacífico. Por aqui, há mais de 650 milhões de consumidores e muito espaço para a expansão, já que a penetração das vendas online no varejo é estimada em 6% segundo a consultoria Euromonitor.

“Quando anunciamos o series D em março, achamos que o interesse dos fundos iria parar, já que estávamos bem capitalizados. Mas não foi isso que aconteceu: continuamos a receber investidores batendo na nossa porta semanalmente”, diz ao EXAME IN Santiago Sosa, fundador e presidente da Nuvemshop.

Com tanto capital disponível, a startup decidiu fazer uma nova rodada de investimento para investir na infraestrutura do negócio. “Ter dinheiro demais pode ser perigoso se ele não for devida e responsavelmente gerenciado”, diz o fundador. Segundo ele, o plano não é aumentar os gastos de marketing para atrair clientes no curto prazo, mas sim criar os pilares que poderão sustentar o negócio na próxima década. Além disso, os novos sócios americanos da empresa poderão ajudá-la em uma eventual abertura de capital nos Estados Unidos.

“Ao oferecer sua plataforma desenvolvida especificamente para a América Latina, a Nuvemshop está posicionada de maneira única para continuar a liderar a transformação digital. Estamos entusiasmados em fazer parte deste novo capítulo de crescimento”, diz Matt Gatto, sócio da Insight Partners.

John Curtius, sócio da Tiger Global Management, complementa: “A Nuvemshop não só tem a tecnologia e os serviços que as empresas latino-americanas exigem, mas também a compreensão das particularidades que levarão seus clientes ao sucesso de mercado. A empresa está lançando a base da infraestrutura de comércio eletrônico para a próxima década”.

Próximos passos

A estratégia da Nuvemshop desde a série C, em outubro do ano passado, essencialmente não mudou. A empresa projetou seus planos de crescimento em cima de três pilares: expandir o suporte aos lojistas (especialmente com finanças e logística), fortalecer o ecossistema de empresas parceiras e entrar em outros países da América Latina — a meta é expandir para Peru, Chile e Colombia a partir do ano que vem.

Os US$ 500 milhões a mais na conta mudam somente o nível de sofisticação dos planos e a velocidade de execução deles. "A Nuvemshop foi muito paciente, cresceu na medida em que o mercado se ampliava. Mas agora perceberam que com capital podem impulsionar o e-commerce da região na direção certa, oferecendo plataformas financeiras e de logística melhores, assim como Mercado Livre e Amazon fazem", diz Ethan Choi, sócio da Accel.

Sosa não abre muitos detalhes sobre o que se pode esperar em termos de novos produtos de finanças e logística, mas garante que pelo menos uma nova solução de meios de pagamento está sendo testada e deve ser lançada nos próximos meses. Já na frente de logística, a companhia estuda adquirir outras empresas para conseguir oferecer aos lojistas a possibilidade de entregas mais rápidas e eficientes.

Para além dessas duas frentes, há uma série de outros serviços úteis para os lojistas que a startup nem sonha em desenvolver. Há alguns anos, ela decidiu abrir sua plataforma para que outras empresas possam criar produtos para sua base de clientes hoje são mais de 200 empresas parceiras, que oferecem serviços desde a elaboração de kits no site até entregas no last mile.

"Assim como a Apple permitiu a criação de dezenas de aplicativos para smartphones, gostamos de pensar na Nuvemshop como o sistema operacional do varejo", diz o presidente. Segundo ele, a corrida pela digitalização das pequenas empresas na América Latina será ganha não por quem chegar primeiro aos lojistas, mas sim pela empresa que construir o melhor ecossistema de soluções.

O desafio nesse cenário é conseguir vencer a guerra por talento que acontece em toda a região, especialmente nas áreas de tecnologia e produto. Hoje, a Nuvemshop emprega 600 pessoas, mas deve terminar o ano com cerca de 900. "Devemos crescer no mesmo ritmo pelos próximos 5 anos, então não é impossível pensar na companhia com 5.000 funcionários daqui a um tempo. Mas para isso funcionar, precisamos investir em pessoas e descobrir caminhos para manter a cultura do negócio", diz Sosa.

(Arte/Exame)

 

De 1 a 5, qual sua experiência de leitura na exame?

Sendo 1 a nota mais baixa e 5 a nota mais alta.

Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade