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Marisa: Em trimestre turbulento, CEO já vê efeitos de ‘banho de loja’

Prejuízo quase dobrou, para R$ 64 milhões, pressionado por ajustes de estoques e custos associados à reestruturação que fechou 88 unidades e cortou 25% dos funcionários

Marisa: estoques terão que chegar a "nível ótimo" (Marisa/Divulgação)
Marisa: estoques terão que chegar a "nível ótimo" (Marisa/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

14 de agosto de 2023 às 11:55

Num segundo trimestre marcado por uma forte reestruturação, a Marisa trouxe um balanço pressionado, com queda de 25% na receita e prejuízo de R$ 63,4 milhões, o dobro de um ano antes.

Mas há sinais positivos nos números, marcados por vários efeitos não recorrentes, aponta o CEO João Nogueira Batista, que assumiu o comando da companhia em fevereiro com a missão de arrumar a casa e estancar a sangria do negócio.

Se excluídas as despesas relativas ao fechamento de lojas e a redução de 25% do seu quadro de funcionários, o banho de loja já produziu algum efeito, diz. Com os ajustes, a despesa caiu 21%, o EBITDA mais que dobrou frente a um ano antes, chegando a R$ 23 milhões e o prejuízo foi de R$ 3,1 milhões.

No terceiro trimestre, diz ele, as vendas ainda vão vir machucadas pelo corte mais agressivo do estoque. Mas uma redução de despesas da ordem de R$ 10 milhões ainda deve ter efeito no resultado do terceiro trimestre, já que o fechamento de lojas foi concluído em julho.

Pesou também sobre a receita do segundo trimestre um inverno com cara de verão em 2023 e a estratégia de adequar os inventários.

Assim como admitiu a Renner no primeiro e segundo trimestres, a Marisa precisou fazer mais liquidações. A margem bruta caiu 2,7 pontos percentuais, para 47,6%.

De "exageradamente alto", o estoque ficou bem menor, diz Batista. A estratégia ajudou a liberar capital de giro e deixou o caixa R$ 139 milhões mais gordo do que em março, a R$ 340 milhões ao fim de junho. Mas ainda há trabalho a ser feito nessa frente.

Homem dos números, Batista não tinha tanta intimidade com a moda. Foi diretor financeiro da Petrobras, trabalhou na Suzano e também é conselheiro da Braskem.

Nos últimos cinco meses, viajou todo o Brasil e levou a cabo o plano de fechar 88 lojas deficitárias. A estratégia passou também pela renegociação de contratos de aluguel de lojas e de prazos com fornecedores.

O MBank, braço financeiro da varejista, ficou apenas com a parte de pagamentos depois de separar as operações de cartões, e recebeu capitalização da família Goldfarb, controladora da Marisa. Agora, vai receber outros R$ 30 milhões da empresa.

No segundo trimestre, no entanto, a inadimplência ainda pesou e fez a empresa aumentar em 30% as provisões para perdas no empréstimo pessoal do MBank e em 8,5% no cartão private label.

A ideia é de que o braço financeiro deixe de fazer empréstimos pessoais e passe apenas a dar crédito para compras nas lojas e ajude a financiar fornecedores.

Com essas medidas, a companhia espera ganhos de R$ 40 milhões no Ebitda de 2023 e de cerca de R$ 60 milhões em 2024. "O ano que vem vai ser de uma nova Marisa. Uma Marisa que vai ser rentável. Não adianta vender e não gerar lucro.”

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado