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Fila para IPO do setor imobiliário tem 20 empresas em busca de R$ 20 bi

Desconfiança dos investidores com ativos do setor aumenta junto com lista de empresas que planejam IPO na B3

Setor imobiliário: investidores terão de olhar ativos com lupa, em busca da melhor proposta com melhor retorno (Acervo/Thinkstock)
Setor imobiliário: investidores terão de olhar ativos com lupa, em busca da melhor proposta com melhor retorno (Acervo/Thinkstock)
GV

Graziella Valenti

10 de agosto de 2020 às 19:17

A lista de companhias do setor de construção e incorporação que planejam captar dinheiro na B3 por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO) não para de crescer. A movimentação está deixando até mesmo os bancos de investimento de queixo caído. O EXAME IN apurou que há 20 candidatas. Dessas, 11 são conhecidas do público e já entraram com documentos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Contudo, a percepção de que não haverá espaço para todas também aumenta a cada dia que passa — junto com o tamanho da lista de pretendentes. Se todas as companhias viessem, movimentariam cerca de 20 bilhões de reais.

Duas já ficaram no caminho: Ravi e You. Não passaram no crivo dos investidores. Ao menos, não nesse momento. Entre os ativos mais aguardados estão as empresas controladas pela Cyrela. São três as investidas pela companhia de Elie Horn: Lavvi, do segmento de média renda, mais Cury e Plano & Plano, que atuam no mercado de baixo custo.

Além delas, também aguardam sua passagem para o olimpo das companhias abertas na B3 Pacaembu Construtora, One Innovation, Alphaville Urbanismo, Nortis Incorporadora e Construtora, Melnick Even Desenvolvimento Imobiliário, Kallas Incorporações e Construções, Patrimar Engenharia e Yuny Incorporadora Holding.

Diferentemente da febre vivida em 2007, as companhias têm planos, regiões e escopos diversos. Mas, nem por isso, todas vão encontrar interessados, pois o bolso é o mesmo. Na prática, elas concorrem entre si. Além disso, entre os investidores, o próprio excesso de interesse das empresas em captar recursos está gerando questionamento. A avaliação é que se todas querem é sinal de que o mercado está pagando caro — ou seja, o nível de preço está bom demais apenas para quem emite ou vende as ações.

No ano, até agora, as únicas estreantes vieram pré-pandemia: Mitre e Moura Dubeux. Mas foi justamente o sucesso dessas duas que deixou as companhias aguçadas. Com pouca execução e muita promessa, as empresas não enfrentaram dificuldade para captar mais de 1 bilhão de reais cada uma. O ano de 2019 foi marcado pelas captações das companhias que já eram abertas e sobreviveram tanto à consolidação de 2008 a 2010 quanto à crise de 2015 — juntas movimentaram perto de 5 bilhões de reais no ano passado. Na época, já por conta desse agito, a Polo Capital, umas das gestoras mais experientes no tema, apontava que os investidores estavam correndo risco de comprar ‘gato por lebre’, pois os preços indicavam que o mercado apostava em um retorno de capital projetado pela máxima alcançada pelas companhias ao longo dos últimos anos — ou seja, com baixíssima chance de acontecer de forma permanente.

Força total

Depois da paralisação com a pandemia, as captações com ações voltaram com força total. No ano, entre IPO e ofertas subsequentes, as ofertas já movimentaram 57 bilhões de reais na B3. Considerando os aumentos de capital privado de Natura e CVC, o total se aproxima de 60 bilhões de reais.

Mas, para muitos especialistas, a esse volume é preciso somar a venda da participação do BNDES na Vale, que foi feita por meio de um leilão diretamente na bolsa e que movimentou 8,1 bilhões de reais.

Considerando apenas as ofertas de ações, o ano de 2020 já acumularia a quarta posição em movimentação desde a revitalização do mercado brasileiro em 2004, marcada pela listagem da Natura — atrás apenas de 2010 (que teve a mega oferta de 120 bilhões de reais da Petrobras), de 2019 (com seus quase 90 bilhões de reais em ofertas) e de 2007 (com pouco mais de 70 bilhões de reais movimentados).

Para avaliar o apetite por ativos brasileiros, a soma precisaria incluir ainda os IPOs da XP Investimentos na Nasdaq e da Vasta, também em Nova York, controlada da companhia de educação Cogna, apontam aqueles que gostam de um número grande. O valor acumulado de tudo eleva o total movimentado para muito próximo dos 80 bilhões de reais.

No início de julho, o Morgan Stanley estimava um total de 70 bilhões de reais em operações para o segundo semestre. Se esse volume se confirmar, 2020 será o segundo maior da história, com quase 120 bilhões de reais em colocações de ações — atrás apenas de 2010, um ano difícil de repetir devido à capitalização da Petrobras para exploração do pré-sal. Entretanto, por mais que o interesse por ações continue em alta, muitos entendem que é um volume muito grande para um período curto de meses. Seria preciso que cada mês movimentasse mais de 10 bilhões de reais. Difícil, mas não impossível, segundo os mais otimistas.

 

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