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App tem 500 mil votos para acompanhar leis e "tirar pessoas da bolha"

Plataforma do 'Poder do Voto' tem 65 mil usuários e plano do fundador é levantar recursos no segundo semestre para elevar público a 800 mil

Binóculo criado pela Leo Burnett para lançamento do aplicativo Poder do Voto: foco nos eleitos (Divulgação/Divulgação)
Binóculo criado pela Leo Burnett para lançamento do aplicativo Poder do Voto: foco nos eleitos (Divulgação/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

2 de junho de 2020 às 10:02

Em tempos críticos, enquanto a senhora Democracia convulsiona, o jovem aplicativo Poder do Voto, que busca aproximar o cidadão do senadores e deputados eleitos, comemora o acúmulo do que? De votos. Nas últimas semanas, alcançou um total de 500 mil realizados na plataforma, em menos de dois anos, e está rapidamente caminhando para os 600 mil.

Lançado em agosto de 2018, tem hoje 65 mil usuários. O fundador, Mario Mello, contou ao EXAME IN que criou o projeto “para tirar as pessoas de suas bolhas”. Com histórico profissional no setor financeiro, explicou que teve a ideia durante uma mentoria para CEOs em Harvard, há três anos, quando se deu conta da necessidade de produzir algo de bom para sociedade e viu na tecnologia um caminho.

O objetivo, segundo ele, é que as pessoas possam acompanhar o trabalho de senadores e deputados que elegem, para verificar se eles de fato os representam.

“O lugar de discutir política não é o Facebook. O palco democrático é o Congresso. É lá que as ideias devem ser debatidas”, enfatizou Mello, que está preocupado com a forte polarização das opiniões no país, mas baixo engajamento real da população em saber o que os seus escolhidos fazem de fato.

A meta do fundador é ter, pelo menos, dois milhões de usuários. Ele acreditava que conseguiria esse total em dois anos. Contudo, vem percebendo que o desafio de alcançar a população é grande.

O plano para o segundo semestre é levantar 450 mil reais para conseguir dar um salto e elevar o total de usuários para 800 mil. “Essa estimativa não é um chute. É o que sabemos ser possível conquistar com base em inteligência de dados.”

Durante 2019, a plataforma recebeu o equivalente 2,7 milhões de reais em horas trabalhadas e serviços prestados de voluntários e empresas parceiras. Em doações, o total arrecadado no ano ficou em 241 mil reais.

O voto que Mello comemora no aplicativo é feito sobre os projetos de lei. Os mais relevantes para a população são registrados na plataforma, com auxílio de consultorias políticas como a Patri e a Arko.

Essa manifestação de opinião gera um relatório para os congressistas a respeito de como pensa a sua base de eleitores. Além disso, funciona para construir um perfil de cada usuário e tornar possível avaliar se a escolha do deputado ou senador foi compatível com sua visão e interesses.  Caso não seja, o aplicativo pode apontar quem são os políticos que dão “match” com sua opinião e valores. Essa combinação é tanto mais efetiva quanto mais ativo for o usuário.

O Poder do Voto é para ser entendido como uma ferramenta para o cidadão. “Todo mundo sempre fala que é impossível acompanhar o trabalho de deputado e senador. A maioria das pessoas nem lembra em que votou”, disse Mello. “Isso precisa mudar.”

Não é por acaso que o logotipo que representa a plataforma é um binóculo. A simbologia indica que, mesmo à distância, o eleitor pode ver de perto como se comporta seu representante lá no Planalto Central do Brasil. No lançamento do aplicativo, a agência de publicidade Leo Burnett colocou um binóculo inflável enorme mirando o Congresso – esse mesmo da foto acima.

Hoje, quem der uma espiada rápida na plataforma pode ver que a pandemia se espalhou na rotina dos parlamentares. Os principais projetos em discussão e votação hoje têm relação com o coronavírus – são mais de 15, para ficar naqueles de maior destaque.

Os debates vão desde suspensão de pagamentos do financiamento estudantil, adiamento do prazo para a declaração do imposto de renda, passam pelos programas de apoio às pequenas e médias empresas e pela tarifa social na conta de energia, e vão até a saúde, com a questão de equipamentos liberados pela Anvisa.

“O voto não acaba na urna”, costuma repetir Mello sempre que fala de sua empreitada.

 

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