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Com carteira de US$ 52 mi, Capital Lab faz aporte e abre portas em Israel

Gestora tem 13 investidas e agora abre as portas a oportunidades em território israelense, com aporte em fundos de fundos

Tel-Aviv: Israel é considerado o Vale do Silício do Oriente, em terras secas (wadi) (Maremagnum/Getty Images)
Tel-Aviv: Israel é considerado o Vale do Silício do Oriente, em terras secas (wadi) (Maremagnum/Getty Images)
GV

Graziella Valenti

21 de outubro de 2021 às 12:09

A Capital Lab, gestora de investimentos de risco focada em alta tecnologia e fundada pela dupla Paulo Mattos e Luigi Cosenza e sediada em Londres, plantou sua semente em Israel. Acaba de realizar um investimento de US$ 1 milhão no fundo Sweetwood Ventures. O aporte faz parte dos US$ 3,5 milhões, quase R$ 20 milhões, investidos pela casa ao longo deste ano, divididos em cinco negócios.

No total, a gestora já colocou US$ 17 milhões em 13 startups. Os recursos equivalem hoje, após outras rodadas de captações realizadas pelas companhias do portfólio, a US$ 52,3 milhões — ou aproximadamente R$ 290 milhões. A valorização das empresas selecionadas equivale a um retorno implícito superior a 3 vezes o capital aplicado.

Vanessa Viana, que chegou para comandar a gestora no fim de 2020, responde com números a escolha por Israel e qualifica: “É uma banheira tecnológica. Tudo lá, com os desafios de clima e geopolíticos, demanda muita tecnologia.” O solo é árido, mas a terra é fecunda. Não por acaso é conhecida como a "Nação das Startups" ou o "Vale do Silício do Oriente Médio".

A explicação de Vanessa começa por pontuar que Israel é, com aquele diminuto território e reduzida população, o 4º maior mercado do mundo em venture capital. Até julho deste ano, as startups locais receberam US$ 12,2 bilhões em investimentos, atrás apenas de Estados Unidos, China e Inglaterra (nessa ordem). “E não pense que a distância para o terceiro colocado é grande. Nesse período, as empresas de inovação britânicas somaram US$ 16,4 bilhões em aportes”, diz ela.

Apenas para situar o Brasil nesse ranking, a gestora lembra que, com os recordes deste ano, os investimentos em venture capital por aqui somaram US$ 6,6 bilhões até setembro, segundo a Distrito, ou US$ 6 bilhões, de acordo com a ABVCAP.

Estar naquele pequeno pedaço de terra, de pouco mais de 22 mil km² e menos de 10 milhões de habitantes, parece crucial para qualquer casa de venture capital com posição globalizada, como é o caso da Capital Lab, que nasceu em 2016, inicialmente dedicada a investimentos dos fundadores e aos poucos foi se abrindo para captar com investidores. “Israel tem o maior número de startups per capita do mundo. Tem uma para cada mil habitantes.”

A estatística parece quase irreal, mas começa a fazer sentido quando se sabe que quase 3% da força de trabalho do país é composta por engenheiros e que 6 entre os 9 melhores centros de pesquisa do mundo são de lá. Tel-Aviv foi a 3ª sede mais recorrente das aberturas de capital da Nasdaq neste ano, depois de Estados Unidos e China. Somadas, as empresas valem mais de US$ 60 bilhões.

O investimento na Sweetwood — um fundo de fundos — é, na verdade, um bilhete, uma passagem para esse mundo, a playland da inovação. Com esse aporte no fundo, a Capital Lab ganhou um passaporte para participar de rodadas de investimento em empresas que forem alvo dos mais experientes venture capital do pedaço, como Viola Capital e Meron Capital, entre outros.

Para as startups e gestoras israelenses, a Capital Lab é uma potencial multiplicadora de negócios. “Temos de acabar com essa síndrome de vira-latas. Os olhos deles brilham quando falam conosco. Temos 210 milhões de habitantes e somos um dos países com maior penetração de internet do mundo".

Vanessa, que acaba de voltar de lá, também destaca que o país tem muita inovação em frentes eleitas pela gestora como foco de atuação como internet das coisas (IOT), machine learning, cidades conectadas, veículos autônomos, entre outras.

Atenção à bolha

Só quem já ouviu Vanessa falar de inovação consegue ter ideia do tamanho de sua paixão pelo tema e por viver de fazer a conexão entre Londres, Brasil e Israel. Mas esse amor não priva a gestora de uma visão crítica ao momento e aos valuations admitidos para as startups.

Vanessa Viana, à frente da gestora Capital Lab

Vanessa Viana, à frente da gestora Capital Lab, faz a ponte entre Londres, Brasil e Israel (Capital Lab)

“Tem uma investida nossa, de Londres, que teve uma valorização de 30% em três meses. De fato, o mercado está insano, em termos de agitação”, comenta ela, com a sinceridade que muitas gestoras não aceitam para falar em voz alta.

Diversas casas dedicadas ao venture capital preferem não tratar do risco de bolha. Mas, na opinião da Capital Lab, os bons investimentos estão sim mais concorridos, o que tem levado muitas empresas a captar recursos em velocidade e em volumes recordes. Algumas podem sequer estar preparadas para tanto dinheiro.

“O momento tem deixado todo mundo confuso, sim. Nem mesmo os parâmetros para o que era considerado uma série A, B, C e por aí vai fazem mais sentido. Antes US$ 10 milhões era uma série A [rodada inicial do venture capital]. Agora é o que? US$ 50 milhões, talvez. Ninguém sabe.”

Mas para a gestora, o maior fluxo de capital na região é uma oportunidade para mostrar quem sabe separar o joio do trigo. "O mundo finalmente está enxergando o potencial da América Latina, mas poucos realmente sabem encontrar bons ativos de tecnologia".

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