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Saneamento

Cedae é só o começo: CPP tem fôlego superior a R$ 10 bi para Iguá

Fundo canadense concluiu investimento inicial na semana passada e tem planos ambiciosos para setor

Rodolfo Spielmann: novos aportes serão vinculados a projetos novos, para crescimento da Iguá (CPPI/Exame)
Rodolfo Spielmann: novos aportes serão vinculados a projetos novos, para crescimento da Iguá (CPPI/Exame)
GV

Graziella Valenti

4 de maio de 2021 às 06:00

O Canada Pension Plan Investments (CPPI) chegou para ficar no setor de saneamento e para fazer a Iguá Saneamento crescer. A ex-CAB Ambiental foi eleita para ser o único veículo de investimento nesse segmento no Brasil. A entrada na companhia foi consolidada na semana passada, com um cheque de quase R$ 1,2 bilhão, dos quais cerca de R$ 515 milhões em aporte de dinheiro novo — e o restante na compra de participações de outros minoritários. E esse é só o começo.

O bolso à disposição, desde que para projetos com retornos adequados, é muito maior. “Podemos duplicar e até triplicar o investimento em saneamento, com alguma tranquilidade”, afirma Rodolfo Spielmann, líder da gestora para América Latina. Isso significa levar o total destinado à companhia para números como 2 bilhões ou até 2,5 bilhões de dólares canadenses. Em reais? Mais de R$ 10 bilhões!

“Esse setor é muito capital intensivo, mas ao mesmo tempo oferece perspectiva de retorno consistente e estável no longo prazo”, destaca Ricardo Szleijf, diretor de infraestrutura do CPPI, também para a região da América Latina. “É perfeitamente compatível com nosso interesse como investidores de longo prazo, para ficarmos 30 ou 50 anos no negócio”, completa Spielmann. "Estamos muito alinhados com a Iguá, o IG4 e AimCo."

Carlos Brandão, presidente da companhia de saneamento, tem dito que o plano é triplicar o negócio em cerca de três anos. Com Cedae, a empresa duplicará de tamanho após a integração total da rede, o que deve levar de dois a três anos. Em conversa com o EXAME IN após o leilão, na semana passada, Brandão disse que a Iguá vai seguir participando das licitações que fizerem sentido.

Ritmo acelerado

Nem bem chegou, e o CPPI já deixou aprovado outros R$ 2,3 bilhões a mais para a Iguá, além do que ingressou na semana passada, dessa vez integralmente destinados à aquisição do bloco 2 da Cedae, no leilão de privatização realizado na sexta-feira — o lance vencedor da outorga foi de R$ 7,3 bilhões. Considerando esse e o primeiro aporte, equivale a cerca de R$ 3,5 bilhões ou 800 milhões de dólares canadenses. Esse é o total já realizado e já previsto e aprovado em comitê. A capitalização vinculada ao leilão carioca inclui subscrição de novas ações e de debêntures conversíveis.

Os investimentos do CPPI no Brasil totalizavam 8 bilhões de dólares canadenses antes da Iguá e já eram bastante diversificados. A companhia gerida pela IG4, de Paulo Mattos, é um setor novo na carteira aplicada no país. E eleva o total para quase 9 bilhões de dólares canadenses, uma estreia que ocupa quase 10% da carteira local.

O fundo, que responde pela aposentadoria de 20 milhões de canadenses,  participa de grandes negócios de infraestrutura, como a Cesp, em sociedade com o grupo Votorantim, mas tem diversas outras eleitas, como a rede de academias Smartfit, a startup de compra e venda de imóveis Loft, e a rede de shoppings Aliansce Sonae, entre outras.

Szleijf comenta que há pelo menos três outros setores de infraestrutrura que o CPP Investments gostaria de ter participação no Brasil: transmissão de energia, infraestrutura de telecomunicações e rodovias. O fundo foi um dos que avaliou o investimento na empresa de fibra da Oi.

O apetite é levar a região latino-americana até aproximadamente 8% de todo patrimônio do CPPI. Hoje, essa fatia é de 3,7%, sendo que o Brasil sozinho responde por 1,8% do fundo global. Já não é de hoje que Spielmann tem apontado que existe espaço para dobrar a participação da região no portfólio, o que significaria também ampliar a crença no país.

O CPP tem se destacado como grande investidor no páis, o que é bastante emblemático, dado o momento em que predomina o desinteresse dos investidores estrangeiros. Spielmann sempre frisa que o fato de a casa ter um “passivo sem vencimento” faz com que possa investir de acordo com as perspectivas de longo prazo.

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