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Eletrobras

Bolsa: o pior mês desde a pandemia, a Eletrobras e a pessoa física

Investidor estrangeiro retirou R$ 5,3 bilhões da B3 em abril, até dia 27

Bolsa: quase 500 ofertas públicas de ações desde 2004 (NurPhoto/Getty Images)
Bolsa: quase 500 ofertas públicas de ações desde 2004 (NurPhoto/Getty Images)
GV

Graziella Valenti

30 de abril de 2022 às 12:07

O Índice Bovespa teve em abril o pior desempenho desde o início da pandemia. A queda foi de 10,10%. O indicador terminou a sexta-feira, 29,  em 107,8 mil pontos. Na prática, significa que o comportamento só perde para o terrível mês de março de 2020, quando a covid-19 se instalou no Brasil e se uniu ao choque no preço de petróleo em um duplo “cisne negro”, causando um tombo de 30% na bolsa.

A coisa não vai — ou não foi — bem. A justifica é uma combinação que contém desde a política e economia brasileira, passando pelo juro americano, a guerra na Ucrânia e a lotação dos portos em Xangai, com o lockdown. Tem de tudo um pouco. Mas a questão do ambiente institucional brasileiro voltou a trazer dor de cabeça com o debate sobre o deputado federal Daniel Silveira.

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A pior notícia — quando o assunto são os mercados — é que o investidor estrangeiro, que sustentou as valorizações surpreendentes do começo do ano, colocou o pé no freio na transferência de recursos, preocupado com a economia americana e as consequências disso para o restante do mundo na alocação de capital.

Ninguém está — por enquanto — falando em uma sangria desatada, mas pesou no desempenho. A saída líquida de recursos internacionais em abril, até dia 27, estava em R$ 5,3 bilhões. É menos do que 10% do que havia sido colocado aqui neste ano, até essa inversão de mão em abril.

Mas se a coisa continuar desse jeito, o futuro da privatização da Eletrobras — superada todas as questões políticas e institucionais — está em jogo. Pode tudo ser aprovado, mas se não tiver mercado, vai ser difícil concretizar a capitalização, que prevê a venda de aproximadamente R$ 25 bilhões em ações. Como e onde achar tanto comprador de ações brasileiras?

Mas, como a expectativa é que a oferta ocorra em junho, ainda dá tempo de melhorar bastante. É cedo, portanto, para conclusões.

Pessoa física

Não dá para ignorar um termômetro interessante, que ficou de lição da pandemia. A pessoa física voltou a ser compradora direta na bolsa após meses e meses reduzindo sua posição. Até dia 27 deste mês, colocou R$ 4,7 bilhões na aquisição direta de papéis na B3. Não custa lembrar que quem mais aproveitou o saldão de março de 2020 foi o investidor individual: naquele mês investiu nada menos que R$ 17 bilhões.

Ainda não é possível  saber se isso pode ser o prenúncio de uma melhora no cenário dos fundos domésticos, mas vale ficar atento. As carteiras de ações perderam mais R$ 6,3 bilhões neste mês, até dia 26, de acordo com dados da Anbima. A saída líquida de recursos dos fundos de ações no ano já está em torno de R$ 37,5 bilhões.

Aqui importante um dado: mais de 42% dos R$ 31,3 bilhões retirados dessas carteiras foram saques realizados pelas entidades de previdência pública e privada e até mesmo pelo sistema de aposentadoria dos servidores públicos.

 

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