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Agronegócio

AgroGalaxy conclui ano de ajustes e confirma negociações sobre unidade de sementes

Diante de queda de preços de grãos e insumos, companhia ficou mais enxuta; efeito total do reajuste deve ser capturado até o fim de 2024

Agrogalaxy: companhia espera ver efeito de reestruturação conduzida em 2023 no balanço de 2024 (Divulgação/Divulgação)
Agrogalaxy: companhia espera ver efeito de reestruturação conduzida em 2023 no balanço de 2024 (Divulgação/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

26 de março de 2024 às 18:55

A AgroGalaxy passou por um 2023 intenso. Diante de desafios como a queda no preço de insumos e de grãos, somados ao El Niño — e coroados por uma Selic alta — a distribuidora de insumos fez uma transformação completa no próprio negócio, de olho em ficar mais ágil e mais leve.

Uma parte dos resultados dessa reorientação de foco foi capturada no balanço de 2023, apresentado nesta terça-feira, mas, segundo Axel Labourt, CEO da AgroGalaxy, o efeito dessa 'reforma' deve ficar claro no balanço consolidado de 2024.

No ano passado, a AgroGalaxy teve prejuízo de R$ 334,5 milhões, revertendo lucro de R$ 53,9 milhões no ano anterior. A receita encolheu 18,9%, para R$ 9,3 bilhões. O Ebitda ficou 50% menor, mas permaneceu na seara positiva, em R$ 342,2 milhões.

Ao longo do ano, a companhia apostou numa estratégia de melhorar margens, focando no crescimento de portfólio onde tem melhores retornos de capital de giro e melhorando a dispersão de preços pelo país. Depois, focou na gestão de despesas, com uma estrutura mais leve e mais ágil. E, finalmente, mirou na melhora de capital de giro. 

No ano, a companhia gerou R$ 83,5 milhões em caixa, ante um consumo de R$ 144,1 milhões em 2022, principalmente por essa melhora no capital de giro, que envolveu um extenso processo de negociação de estoques com fornecedores e produtores.

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Um dos grandes percalços enfrentados pela AgroGalaxy em 2023 foi o de estoques. A companhia começou o ano com R$ 1,6 bilhão em estoque e, ao longo de 2023, foi diminuindo gradativamente essa cifra.  Cerca R$ 400 milhões foram reduzidos com renegociações com fornecedores — principalmente com devoluções de produtos — e outros R$ 900 milhões foram vendidos. Hoje, esse estoque 'antigo' soma apenas R$ 70 milhões.

Nesse processo, o fim da parceria com a Bayer, anunciado recentemente, não foi o único. “A gente reavalia as parcerias e revisita a relevância e o comportamento dos parceiros não só em momentos favoráveis mas também em momentos mais desafiadores. A gente revisitou toda a nossa estratégia de fornecedores e a Bayer é um exemplo disso”, diz.

Ao mesmo tempo, do lado dos produtores, a companhia também aumentou a participação do barter (modalidade de comércio em que o pagamento é feito com sacas de soja) em seu mix de vendas. “A gente senta cada vez mais com o produtor para discutir a relação de troca que facilita a melhoria da nossa margem, mas também vai facilitar o recebimento de contas no futuro”, diz o CFO, reduzindo a inadimplência. 

O que vem pela frente

As perspectivas gerais, entretanto, são mais positivas. A visão é a de que, a partir do momento em que o produtor conseguir normalizar a situação, junto com uma Selic menor, o setor pode crescer de forma mais acelerada a partir do segundo semestre. A companhia vai revisitar o guidance para o ano — mas não sinalizou qual é a nova previsão.

Por enquanto, o comportamento do produtor em compras ainda não mudou muito: está deixando para comprar os produtos mais perto da safra do que o prazo habitual, que contempla três meses de antecedência.

“Falar que não aconteceu a safrinha [plantação de milho após a colheita da soja] não é de fato correto porque o cara tem de plantar. Mas a gente percebe nas visitas a campo, que aconteceu uma safrinha muito mais pobre de fertilizante, de semente de milho. Este ano vai ser muito mais de voltar para o eixo”, diz Labourt.

Ainda nesses primeiros meses de 2024, a AgroGalaxy teve um importante voto de confiança, com perdão dos credores de CRAs relação ao cumprimento de covenants para o ano.

No fim de 2023, a dívida líquida totalizou R$ 1,3 bilhão, redução de 9% em relação ao mesmo período do ano passado, principalmente em razão do aporte de capital recebido em dezembro de 2023, no qual a Acqua Capital injetou R$ 150 milhões.

"Apesar da redução da dívida líquida, a menor receita reportada no período, conforme descrito na seção de Receita, contribuíram para uma redução no Ebitda projetado, o que levou a um incremento na alavancagem da companhia de 2,1x em 2022 para 3,9x no encerramento de 2023", diz a empresa, no balanço.

Venda de unidade de negócio de sementes

Outro ponto importante para a companhia gerar resultados em 2024 é a venda da unidade de negócio de sementes, sinalizada no final de fevereiro. Nesta semana, o assunto voltou à tona com a Boa Safra, também do setor, sinalizando a intenção de captar até R$ 200 milhões por meio de um follow-on, para crescimento orgânico e M&As.

Questionado a respeito de possíveis negociações, o CFO afirmou que “as conversas com players do setor estão andando” e que novidades devem vir em breve.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.