ESG

Eletrificação? Brasil não precisa esperar o carro elétrico para reduzir emissões, diz CEO da Movida

Renato Franklin acredita que o futuro é elétrico, sim, porém, o etanol já garante ao país a infraestrutura necessária para descarbonizar a mobilidade

Renato Franklin, CEO da Movida: “Temos uma vantagem estrutural. O etanol está aí e já reduz 90% das emissões, não precisamos esperar pela eletrificação.” (Antônio Teixeira/Divulgação)

Renato Franklin, CEO da Movida: “Temos uma vantagem estrutural. O etanol está aí e já reduz 90% das emissões, não precisamos esperar pela eletrificação.” (Antônio Teixeira/Divulgação)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 13 de setembro de 2022 às 09h21.

A Movida, empresa de aluguel de carros, é a maior compradora de veículos elétricos do país. Essa é uma política instituída e incentivada por Renato Franklin, CEO da companhia, que acredita na eletrificação da mobilidade como alternativa para um futuro sem carbono. “O carro elétrico é melhor em tudo, no conforto, na segurança, no barulho”, afirmou Franklin ao podcast ESG de A a Z. “Esse é o futuro.”

Mas, quando se pensa no objetivo principal da eletrificação dos transportes, que é a redução das emissões de gases de efeito estufa, a conta a se fazer no Brasil inclui outra variável: o etanol. “Temos uma vantagem estrutural”, diz ele. “O etanol está aí e já reduz 90% das emissões, não precisamos esperar pela eletrificação.”

O desafio é conscientizar as pessoas sobre a importância de usar o combustível de cana-de-açúcar, em detrimento à gasolina. A cultura atual é mais voltada a custo e, segundo Franklin, os consumidores acabam preferindo o combustível que está financeiramente mais barato no momento, sem levar em consideração o custo ambiental. “Precisamos mudar essa cultura. As montadoras já estão começando a investir em campanhas de conscientização e nós estamos com uma série de iniciativas para incentivar o uso do etanol entre nossos clientes”, afirma.

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Custo do carro elétrico

Atualmente, o carro elétrico mais barato, o Renault Kwid, sai por volta de 140 mil reais. É um preço elevado para a maioria da população, porém, o setor de aluguel pode ajudar a reduzir esse custo. “Quando se olha para o custo do carro mais o combustível, o elétrico passa a ser mais competitivo”, explica o executivo. “Você pode pagar 4 mil reais por mês num carro a combustão, ou 5 mil num elétrico que já inclui a energia.” A comparação, no caso, é com o gasto para encher um tanque, que não sai por menos de 200 reais, e para carregar uma bateria, que fica abaixo de 20.

Este ano, a Movida realizou alguns pilotos com empresas de aplicativo, como Uber e 99, para introduzir carros elétricos na frota. Foram selecionados alguns dos melhores motoristas para participar, e os resultados foram animadores. A Uber agora planeja ter 300 carros elétricos rodando. “É pouco, mas é um caminho que se inicia”, diz Franklin.

Eurocentrismo

Nesse esforço de conscientização, o CEO destaca que é preciso estabelecer métricas locais para definir a melhor estratégia de descarbonização. Em países com a matriz energética baseada no carvão, por exemplo, o nível de emissões de um carro elétrico é muito maior. No Brasil, além do fato da matriz ser majoritariamente renovável, considerando a energia hidrelétrica, o advento do carro híbrido viabiliza um processo rápido de eletrificação sem grandes investimentos em infraestrutura de carregamento.

Na prática, as soluções de descarbonização da mobilidade irão variar conforme a região, o acesso a recursos naturais e o nível de desenvolvimento do país. “Na Índia o etanol é mais viável do que construir a infraestrutura para o carro elétrico”, afirma Franklin. “O que precisamos é de conscientização.”

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