ESG

COP30: ONU Clima aposta no papel do Brasil em desenho de modelos de financiamento

Além de valorizar o país, Simon Stiell, secretário-geral, disse que 'deixar de lado o clima não é solução para uma crise que dizimará todas as economias do G20 e que já começou a causar danos'

Inundações: na Rússia e no Cazaquistão, áreas são evacuadas para proteger a população (Getty Images)

Inundações: na Rússia e no Cazaquistão, áreas são evacuadas para proteger a população (Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 10 de abril de 2024 às 15h07.

Última atualização em 10 de abril de 2024 às 15h16.

O G20, fórum integrado por 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento, não pode "deixar de lado" a mudança climática "que dizimará" suas economias, advertiu, nesta quarta-feira, 10, em Londres, o secretário da agência ONU Clima, Simon Stiell.

"Necessitamos de um novo acordo para o financiamento da luta contra a mudança climática entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento", declarou em discurso na Chatham House, organização não governamental também conhecida como Instituto Real de Assuntos Internacionais.

"Culpar uns aos outros não é estratégico" e "deixar de lado o clima não é solução para uma crise que dizimará todas as economias do G20 e que já começou a causar danos", acrescentou o secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) em seu discurso, "Dois anos para salvar o mundo".

Em 1º de março, os ministros das Finanças dos países do G20 concluíram sua reunião em São Paulo sem chegar a um acordo sobre um comunicado conjunto devido a divergências sobre as guerras na Ucrânia e em Gaza.

Stiell destacou o papel do Brasil, que sediará a COP30 em 2025, em Belém.

"O Brasil, que também sediará a COP30, tem um papel vital para colocar em marcha a ambiciosa ação que necessitamos. Estou animado que o G20, sob a liderança do Brasil, esteja explorando formas de encontrar novos financiamentos para o clima e o desenvolvimento", indicou.

Custo

Sem revisão de políticas voltadas para o clima, além dos danos à população, uma conta elevada vai pesar no bolso dos governantes. Conforme divulgou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta semana, com um cenário cada vez mais crítico, a conta vai ser alta se o planeta quiser cumprir os objetivos climáticos e de desenvolvimento até 2030. Segundo o organismo internacional, será necessário um investimento anual de US$ 6,9 trilhões em infraestruturas sustentáveis a nível mundial.

A reconstrução de parte do Litoral Norte de São Paulo, da Região Serrana do Rio de Janeiro e de algumas cidades do Rio Grande do Sul são apenas alguns exemplos de como os desembolsos para remediar podem ser custosos. Em outras regiões os efeitos das mudanças climáticas são os mesmos.

Nesta quarta-feira, 20, por exemplo, dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas de áreas sob risco de serem submersas no Cazaquistão e na Rússia. A medida foi tomada enquanto como forma de proteção em meio às piores inundações em décadas, segundo autoridades locais. O rápido derretimento da neve e do gelo fez com que os rios que cruzam as regiões fronteiriças dos dois países aumentassem, inundando cidades e estradas.

Avanços esperados em 2024

Desbloquear os bilhões de dólares necessários para a transição energética e adaptação das economias em desenvolvimento ao aquecimento global é tema central das negociações internacionais sobre o clima em 2024, tanto com vistas à COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será celebrada em novembro em Baku, como nas reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em meados de abril.

"O potencial financeiro que o G20 mobilizou durante a crise global (em 2008) deveria ser redistribuído e direcionado à redução das emissões descontroladas e a aumentar a resistência agora", acrescentou Stiell.

A liderança do G20, responsável por 80% das emissões da humanidade, "deve estar no centro da solução, como esteve durante a grande crise financeira", acrescentou Stiell.

Os países de todo o mundo devem aumentar suas metas de redução de gases de efeito estufa (GEE), atualmente insuficientes para limitar o aquecimento a 1,5°C, conforme o Acordo de Paris, lembrou o funcionário da ONU.

O papel do G7

Simon Stiell destacou, ainda, o "papel absolutamente crucial" do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo, "como principais acionistas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional".

"Avanços reais no financiamento da luta contra a mudança climática são um pré-requisito para que os países em desenvolvimento elaborem novos e ousados planos nacionais para enfrentar as mudanças climáticas, sem os quais todas as economias, incluindo as do G7, em breve encontrarão obstáculos sérios e permanentes", disse o principal líder climático da ONU.

Em sua opinião, "temos de definir um novo objetivo para o financiamento da luta contra a mudança climática" na COP29 de Baku.

Em seu discurso, Stiell indicou que esse acordo deve contar com mais financiamentos favoráveis aos países mais pobres e vulneráveis e novos aportes internacionais para o clima. Incluiu ainda, como outro dos passos para chegar a este acordo, aliviar a dívida dos países mais necessitados para que disponham de margem fiscal para investir no clima. (com Redação)

Acompanhe tudo sobre:G7 – Grupo dos SeteG20Emissões de CO2Mudanças climáticasBrasilEnergia renovávelinfra-cidadã

Mais de ESG

Vibra capacita motoristas e frentistas em ação contra a exploração sexual de crianças e adolescentes

Por que no dia 17 de maio é celebrado o dia mundial da reciclagem?

Dia mundial da reciclagem: Onde descartar lixo reciclável em SP?

Grupo Boticário divulga resultados ESG e atualiza compromissos

Mais na Exame