Economia

Previsão do Boletim Focus de alta do IPCA 2023 cai de 4,86% para 4,75%

Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,86% para 3,85%, considerando 72 atualizações no período

Após nova surpresa positiva com o IPCA de 0,26% em setembro, os economistas reduziram a expectativa de inflação para outubro no Boletim Focus (Rmcarvalho/Getty Images)

Após nova surpresa positiva com o IPCA de 0,26% em setembro, os economistas reduziram a expectativa de inflação para outubro no Boletim Focus (Rmcarvalho/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 16 de outubro de 2023 às 09h09.

Última atualização em 16 de outubro de 2023 às 09h38.

Após a surpresa positiva na inflação de setembro, a expectativa para o IPCA deste ano melhorou no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 16. A projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,86% para 4,75%. Um mês antes, a mediana era de 4 86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção continuou em 3,88%. Há um mês, era de 3,86%.

Considerando somente as 73 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,82% para 4,69%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,86% para 3,85%, considerando 72 atualizações no período.

Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 12ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa seguiu em 3,50% pela 15ª semana seguida.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana agora está exatamente no teto da meta (4,75%), o que impediria o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas também superam o alvo central de 3,0%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC divulgou projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, subiu a 3,1% no modelo. Para 2023, a projeção é de 5,0%.

Meses

Após nova surpresa positiva com o IPCA de 0,26% em setembro, os economistas reduziram a expectativa de inflação para outubro no Boletim Focus. A mediana passou de 0,38% para 0,35%. Há um mês, a expectativa era de 0,39%.

Para o IPCA de novembro, a estimativa continuou em 0,32%, contra a mediana de 0,30% um mês antes. Já para dezembro, a previsão para o indicador foi mantida em 0,52%, mesmo nível de quatro semanas atrás.

Projeção suavizada

Os economistas do mercado financeiro mantiveram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, em 4,00%, de 4,09% há um mês.

No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.

No Ministério da Fazenda, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse ao Estadão/Broadcast que a Secretaria de Política Econômica (SPE) já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por editar o decreto.

Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.

Já o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defendeu ao Estadão/Broadcast a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.

Previsão para câmbio em 2023 segue em R$ 5,00 por dólar; 2024 sobe a R$ 5,05

O cenário esperado para o câmbio brasileiro neste ano não sofreu alteração no Relatório de Mercado Focus desta semana. A estimativa para o câmbio no fim de 2023 seguiu em R$ 5,00, ante R$ 4,95 de um mês antes. Para 2024, a mediana subiu de R$ 5,02 para R$ 5,05, ante R$ 5,00 de quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

Selic no fim de 2023 segue em 11,75% ao ano

A expectativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11 75% ao ano pela décima semana consecutiva no Boletim Focus. A expectativa segue a sinalização mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual é o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais duas vezes este ano, em novembro e dezembro. Atualmente, após duas quedas, o juro básico da economia está em 12,75% ao ano.

Para o término de 2024, a mediana se manteve em 9,00%. Há um mês a estimativa já era de 9,00%. Considerando apenas as 61 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, continuou em 9,00%, com 60 atualizações na última semana.

No encontro de setembro, o Copom repetiu que antevê redução de 0 50 ponto porcentual da taxa Selic nas próximas reuniões e que seria o ritmo apropriado para "manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". Na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, acrescentou que a "barra" para acelerar ou reduzir o passo de corte está ligeiramente mais alta, sobretudo com os novos riscos derivados do cenário externo.

Os membros do Copom afirmaram ainda que, dado o momento de grandes incertezas, não há ganhos em adiantar o tamanho do ciclo de cortes, mas reforçaram que será o necessário para garantir a convergência da inflação à meta.

No Boletim Focus, as projeções para a Selic no fim de 2025 e de 2026 continuaram em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.

Alta do PIB de 2023 permanece em 2,92%

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 16 pelo Banco Central trouxe manutenção nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). A mediana para a alta do PIB em 2023 seguiu em 2 92%, contra 2,89% há um mês. Considerando apenas as 47 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 também continuou em 2,90%.

Para 2024, o Relatório Focus também trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando apenas as 45 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 passou de 1,60% para 1,50%.

Em relação a 2025, a mediana continuou em 1,90%, contra 1,95% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.

O governo espera que o crescimento do PIB este ano alcance 3,2%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.

Endividamento

O Boletim Focus trouxe piora nas projeções para o endividamento público neste ano na edição publicada nesta segunda. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 passou de 60,50% para 61,00%, ante 60,50% de um mês atrás.

Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana continuou em 1,10%, contra 1,00% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1 0% do PIB em 2023. Já a estimativa para o déficit nominal este ano também piorou de 7,40% para 7,50% do PIB, ante 7,40% de um mês atrás.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

2024

Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 63,90% para 64,05% do PIB, ante 63,80% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 seguiu em 0,83% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus passou de 6,59% para 6,75% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,73% e 6,57%, respectivamente.

No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. Devido à elevada necessidade de receita adicional, há forte ceticismo no mercado sobre o resultado proposto pelo governo ser factível.

Déficit em C/C

Os economistas do mercado financeiro alteraram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.

A projeção deficitária passou de US$ 42,65 bilhões para US$ 40 40 bilhões, ante US$ 43,40 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit foi alterada de US$ 51,70 bilhões para US$ 51,00 bilhões, ante US$ 50,00 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 72,90 bilhões para US$ 73,70 bilhões, contra US$ 70,40 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária passou de US$ 60,60 bilhões para US$ 60,35 bilhões, de US$ 60,00 bilhões quatro semanas antes.

Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.

A mediana das previsões para o IDP em 2023 seguiu em US$ 80 bilhões pela 13ª semana seguida. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 37ª vez.

Acompanhe tudo sobre:Boletim FocusIPCACopom

Mais de Economia

Assembleia de SP aprova salário mínimo paulista de R$ 1.640; veja quem tem direito

Queda na produção de petróleo foi planejada, diz Prates

CPI: inflação nos EUA recua para 0,3% em abril; taxa anual fica em 3,4%

Prévia do PIB: IBC-Br recua 0,32% em março, mas termina 1º trimestre com alta de 1,08%

Mais na Exame