Economia

Novo presidente do Fed quer mais informalidade e imediatismo

Jerome Powell, que assumiu o cargo em 5 de fevereiro, é leitor voraz de pesquisas econômicas mas não tem Ph.D em Economia, como seus antecessores

 (Joshua Roberts/Reuters)

(Joshua Roberts/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 16h09.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2018 às 16h10.

Jerome Powell é o primeiro presidente do banco central dos EUA em mais de uma década com experiência no setor privado. Isso pode explicar as mudanças que ele implementou logo em suas primeiras semanas no cargo.

Powell deixou claro que deseja interações mais diretas com o exército de economistas com doutorado que trabalham no Federal Reserve. Ele também quer que essas interações sejam mais rápidas e informais do que preferiam seus antecessores, de acordo com duas pessoas a par das novidades, que pediram anonimato à reportagem.

Segundo as fontes, é mais uma evolução do que uma revolução. Nos últimos anos, foram tomadas medidas para flexibilizar um sistema outrora rígido de controle do fluxo de informações entre autoridades nomeadas e a equipe técnica. Ainda assim, segundo diversas pessoas que já trabalharam no alto escalão da instituição, é uma mudança notável porque achata a hierarquia dentro do banco central e deixa a comunicação interna mais livre.

Donald Kohn, que já foi vice-presidente do Fed, disse que não tem conhecimento direto das mudanças adotadas por Powell, mas que parecem medidas positivas que podem ajudar o novo comandante da instituição em seus esforços para conduzir a economia americana durante um período de desemprego baixo, inflação baixa e crescimento econômico ainda lento, mas em aceleração.

Perspectivas alternativas

“Não sei se o objetivo é só obter perspectivas alternativas, mas também alargar o funil”, disse Kohn. “Alargar e obter perspectivas alternativas e ter conversas informais, provavelmente é boa ideia.”

Segundo muitos relatos, Powell, que assumiu o cargo em 5 de fevereiro, é leitor voraz de pesquisas econômicas. No entanto, ele não tem Ph.D em Economia, como seus antecessores Ben Bernanke e Janet Yellen.

Talvez reconhecendo essa potencial fraqueza, ele se empenha em interagir com funcionários sobre assuntos que chamam sua atenção.

Há uma geração, trocas espontâneas entre o presidente do Fed e subordinados com menos tempo de casa seriam impensáveis. Mesmo nos últimos anos, uma solicitação de informação seria atendida com uma apresentação formal e cuidadosamente avaliada, que demoraria semanas para ser preparada e uma hora para ser exibida.

Powell, que atuou mais de uma década em bancos e em private equity, não tem paciência para isso, segundo as duas fontes.

Ele também não quer que seus subordinados desperdicem tempo com complexidades quando tudo o que ele precisa é de uma discussão franca e bem embasada com o especialista mais adequado – contanto que a discussão aconteça imediatamente.

Encarregados

Para acomodar a nova postura, os diretores de divisões designaram um ou dois funcionários que ficam encarregados de atender aos pedidos de Powell, seja fornecendo informações ou encontrando rapidamente os economistas certos para que se reúnam com o chefe e respondam às perguntas dele.

Desta forma, Powell vai acabando com os últimos vestígios de um regime antigo no Fed, que no passado dava enorme influência aos diretores das três principais divisões de pesquisa econômica: assuntos monetários; pesquisa e estatística; e finanças internacionais. Mesmo atualmente, por gozação ou medo, esses diretores são chamados de “os barões”.

O apelido “veio do chefe de pessoal, que odiava a gente”, conta Edwin Truman, que foi diretor da divisão de finanças internacionais entre 1977 e 1998, quando os barões reinavam. “Ele inventou este termo porque tinha muita dificuldade em lidar conosco.”

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