Economia

Crise fiscal não é culpa do social, diz Paes de Barros

Um dos colaborados do programa do PMDB para a área social diz que novo governo vai superar crise fiscal sem prejuízo do combate à pobreza e desigualdade


	Ricardo Paes de Barros, um dos colaboradores do programa social do PMDB
 (Marcelo Correa/EXAME.com/Exame)

Ricardo Paes de Barros, um dos colaboradores do programa social do PMDB (Marcelo Correa/EXAME.com/Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 23 de maio de 2016 às 15h44.

São Paulo - "A gente não entrou nessa crise fiscal por causa do nosso combate à pobreza, mas porque além disso resolvemos fazer várias outras coisas – como o não-ajuste na Previdência – que levaram a um desequilíbrio intolerável", diz Ricardo Paes de Barros.

Economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, ele foi um dos colaboradores do documento "Travessia Social", espécie de proto-programa do PMDB para a área social.

Em debate realizado nesta segunda-feira no Fórum Veja em São Paulo, ele destacou progressos dos últimos 15 anos, como a redução da pobreza e da mortalidade infantil, mas disse que a política social precisa ser "focalizada".

A palavra vem surgindo como sinal do que pode ser o novo rumo dos programas sociais no contexto dos cortes de gastos previstos pelo governo Temer.

Barros insiste que a ideia é "cortar não no que chega no pobre, e sim no que não chega" e diz que isso é possível porque os 40% mais pobres tem apenas 10% do PIB.

"Eles não são responsáveis pela nossa crise fiscal então não devem ser penalizados, e tem várias maneiras de fazer isso".

Uma que ele cita é a maior eficiência e participação do setor privado, algo destacado também pelo outro debatedor: Paulo Leme, presidente do Goldman Sachs no Brasil.

Ele classificou a situação atual como "uma crise de solvência e colapso de produtividade e crescimento" e disse que a primeira tarefa do novo governo é ter "um plano de pautas, o que é muito difícil porque as escolhas são muito difíceis".

Para Leme, já ficou claro que a nova orientação é de "menos estado e maior participação do setor privado" e que a "venda de ativos, privatizações e concessões" será necessária para fechar o hiato de financiamento externo dos próximos 12 a 18 meses.

Barros disse que "todo processo de privatização é bem vindo", inclusive da Petrobras, mas pontua que é preciso tirar lições do processo ocorrido nos anos 90:

"A questão é como você faz e se o setor privado está realmente capacitado para participar", disse ele.

Ambos concordam que passada a instabilidade, não faltarão investidores interessados no mercado brasileiro:

"O mundo quer e em certo sentido precisa de países para investir, e o Brasil é um grande candidato", disse Barros.

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