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A poluição plástica chegou aonde ninguém pensava que chegaria

O Oceano Antártico é considerado uma região selvagem, quase "intocada", mas a ameaça plástica não encontra barreiras

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Plásticos ameaçam vida marinha na Antártica.  (Claire Waluda/Divulgação)

Plásticos ameaçam vida marinha na Antártica. (Claire Waluda/Divulgação)

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Vanessa Barbosa

Publicado em 20 de junho de 2017 às, 13h00.

São Paulo - A poluição marinha por detritos plásticos parece não encontrar fronteiras. Nem mesmo os lugares considerados "intocados" estão a salvo. Um novo estudo divulgado por cientistas da Universidade de Hull e do Serviço Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês) revelou níveis de poluição por microplásticos no Oceano Antártico cinco vezes maiores do que se esperaria encontrar a partir de fontes locais, como estações de pesquisa e navios.

Representando 5,4% dos oceanos do mundo, o Oceano Antártico é considerado uma região selvagem, quase prístina, em comparação com outras regiões e, por isso, os cientistas pensavam que ele estaria relativamente livre desse tipo de poluição. Os resultados, publicados na revista científica Science of the Total Environment, levantam a possibilidade de que o plástico proveniente de fora da região seja capaz de atravessar a poderosa corrente circumpolar antártica, historicamente considerada impenetrável.

Os microplásticos são partículas com menos de 5 mm de diâmetro e estão presentes em muitos itens do dia a dia como creme dental, shampoo, gel de banho e roupas feitas de tecidos sintéticos a exemplo do poliéster. Segundo a pesquisa, uma única jaqueta de poliéster pode liberar mais de 1.900 fibras por lavagem.

Emaranhado de fibras plásticas encontrado no Oceano Antártico.

Emaranhado de fibras plásticas encontrado no Oceano Antártico. (Catherine Waller/Divulgação)

Em geral, esses micropoluentes chegam aos oceanos através de águas residuais. Os sistemas convencionais de tratamento de esgoto simplesmente não dão conta de removê-los por completo. Eles também podem resultar da quebra de detritos plásticos maiores que flutuam pelo oceano sujeitos a degradação por radiação ultravioleta e decomposição.

Mais da metade das estações de pesquisa na Antártica não possuem sistemas de tratamento de águas residuais, conforme o estudo. Embarcações de pesca e turismo também contribuem para o problema. Estima-se que até meia tonelada de partículas microplásticas de produtos de cuidados pessoais e até 25,5 bilhões de fibras de roupas entram no Oceano Antártico por década como resultado dessas atividades combinadas.

A poluição oceânica por plástico tem consequências danosas para os animais. Muitos podem morrer asfixiados ou por ingestão de fragmentos maiores, ao passo que as micropartículas acabam se acumulando e contaminando a cadeia alimentar marinha. Os autores do estudo alertam para a necessidade de se reforçar as legislações marítimas na região e para um maior esforço internacional no monitoramento e controle da ameaça plástica nos oceanos.

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