Brasil

Rio terá feriadão e segurança reforçada no G20, em novembro

Cidade sediará diversos eventos do G20, incluindo a Cúpula dos Chefes de Estado. Haverá exclusão do espaço aéreo no período e feriadão de seis dias

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 18 de fevereiro de 2024 às 09h26.

Palco de grandes eventos internacionais nos últimos anos, o Rio já está na contagem regressiva para a realização, em novembro, do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, a partir deste ano, a União Africana. Participarão também oito países convidados e 15 organismos internacionais — entre os quais FMI e Banco Mundial.

Como país anfitrião, o Brasil está fechando os últimos detalhes do encontro. Mas alguns pontos já estão definidos: com a concentração de chefes de Estado na cidade, como o presidente americano Joe Biden e o russo Vladimir Putin, O GLOBO apurou com fontes junto à União que o rigoroso esquema de segurança incluirá a criação de zonas de exclusão aérea no entorno do Museu de Arte Moderna (MAM), onde será a Cúpula de Líderes (nos dias 18 e 19 de novembro), com o possível bloqueio do Aeroporto Santos Dumont e reforços de agentes da PF.

Feriado na cidade

O número de policiais e a participação das Forças Armadas no esquema ainda não foram definidos. O que já se sabe é que, para reduzir a circulação na cidade, a prefeitura decidiu decretar feriados locais nos dias 18 (segunda-feira) e 19 (terça-feira) — estendendo o “folgão” de 15 (Dia da República) até 20 (Consciência Negra) de novembro.

Nesta reunião, a expectativa gira em torno do possível encontro do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, que tem sido o interlocutor de Putin desde que seu país invadiu a Ucrânia em 2022.

— Na prática, teremos um grande evento-teste já em fevereiro. Nos dias 22 e 23, na Marina da Glória, haverá o encontro dos chanceleres do G20 — explica o diplomata Carlos Villanova, coordenador nacional de logística do evento.

— Em novembro, a estrutura será maior. O MAM vai concentrar os encontros dos chefes de estado. O comitê de imprensa ficará no Vivo Rio, enquanto que na Marina da Glória montaremos escritórios de apoio para as delegações — diz Villanova.

Dentro dos preparativos, alguns detalhes repetem o que aconteceu na Olimpíada e na Copa. Fontes do governo contam que já se intensificaram os contatos entre agências de inteligência para se antecipar a possíveis ameaças terroristas. Uma das preocupações é monitorar o acesso de estrangeiros nos próximos meses pela Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Uruguai), em Foz do Iguaçu.

No Rio, o secretário de Segurança Pública, Victor Cesar Carvalho dos Santos, disse que os efetivos já foram dimensionados tanto para os eventos preparatórios quanto para as reuniões de cúpula. A PM, por exemplo, vai reforçar o patrulhamento no entorno dos hotéis onde ficarão hospedadas as delegações e participarão dos comboios dos deslocamentos das comitivas pelo Rio. Apesar da existência de várias comunidades em suas margens, a Linha Vermelha será uma das vias utilizadas.

— É a rota mais natural entre o Tom Jobim e os hotéis. Sempre foi usada nos grandes eventos. Nunca foi um problema. Como em qualquer via, só deve ser evitada se for em horários do rush — afirma.

As atividades do G-20 se concentrarão no Parque do Flamengo (agendas oficiais) e na Zona Portuária, onde representantes da sociedade civil debaterão no Museu do Amanhã e nos armazéns temas como meio ambiente, juventude e desenvolvimento sustentável já a partir de 15 de novembro. Os resultados desses encontros serão apresentados como sugestões à cúpula dos chefes de estado.

Haverá ainda recepções e eventos no Palácio do Itamaraty, no Centro, que está sendo reformado, e na Casa Firjan, em Botafogo. No caso das hospedagens, houve um acordo com a rede hoteleira sobre tarifas, mas caberá a cada delegação solicitar reservas e dimensionar a quantidade de quartos que precisará.

O G20 foi criado em 1999 para discutir a economia global, acordos de livre comércio e meios de se buscar o equilíbrio da economia mundial com a crescente globalização. Inicialmente era restrito aos ministros das finanças e diretores dos Bancos Centrais, mas, a partir da crise financeira de 2008, os chefes de Estado e de Governo assumiram a liderança das discussões.

Aquecimento global

No caso do Brasil, o presidente Lula estabeleceu como prioridades debater o combate às desigualdades, a transição energética e a reforma dos sistemas de governança global.

— Nessa parte, há dois grupos de trabalho: uma que trata de finanças e outro de 15 temas de interesse geral dos países (incluindo Saúde, Sustentabilidade, Transportes, medidas anticorrupção e empoderamento feminino) — diz Bruno Costa, subsecretário da comissão estadual do G-20.

Os encontros permitem também que outras esferas de governo dos países e a sociedade civil façam suas propostas em diferentes áreas. No Rio, serão 13 temas em discussão, seja nos encontros de novembro ou em reuniões preparatórias. Assuntos como economia criativa e o papel das supremas cortes estarão em pauta.

— Um desses grupos que interessa em especial à prefeitura do Rio é o Urban 20 (U20), que desde 2017 está debatendo temas de interesse das grandes metrópoles. As cidades costeiras defenderão que o G20 apoie demandas como a que o Banco Mundial tenha uma linha de crédito para enfrentar os efeitos do aquecimento global. Há outros temas que serão discutidos, que são de interesse em comum, como saneamento e transportes — disse Lucas Padilha, presidente do Comitê Rio G20, da prefeitura.

Um dos desdobramentos das discussões iniciadas em 2017 é a criação dos chamados ‘‘orçamentos climáticos’’. Ou seja, dotar as cidades com recursos exclusivos para enfrentar o aquecimento global.

Acompanhe tudo sobre:Rio de JaneiroG20

Mais de Brasil

Tarcísio estima economia de R$ 1,7 bi por ano com auditoria de aposentadorias e prova de vida

Às vésperas de posse na Petrobras, Magda Chambriard já dá expediente na companhia

PF pede inquérito contra Chiquinho Brazão por suspeita de desvio de emendas parlamentares

Claudio Castro é absolvido após TRE-RJ formar maioria contra cassação

Mais na Exame