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Livro criticado por Bolsonaro é relançado, num golpe às fake news

Segundo a editora Companhia das Letras, o livro nunca foi comprado pelo Ministério da Educação para fins pedagógicos

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Bolsonaro e livro da Cia das Letras: Após polêmica envolvendo candidato, editora relançará o livro (TV Globo/Reprodução)

Bolsonaro e livro da Cia das Letras: Após polêmica envolvendo candidato, editora relançará o livro (TV Globo/Reprodução)

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Redação EXAME

Publicado em 12 de setembro de 2018 às, 06h06.

Última atualização em 12 de setembro de 2018 às, 07h07.

A campanha de Jair Bolsonaro verá a volta triunfal de um“adversário” nesta quarta-feira, quando a editora Companhia das Letras relança o livro “Aparelho Sexual e Cia”, da escritora francesa Hélène Bruller e ilustrado pelo cartunista suíço Zep . O livro, com nova tiragem de cerca de 3.000 exemplares, voltará a ser distribuído pela Seguinte, selo da editora destinado aos jovens, depois de ficar famoso por ter sido exibido pelo candidato do PSL à Presidência da República no Jornal Nacional.

O relançamento do livro vem em um momento em que Bolsonaro ainda está no hospital, em recuperação de uma atentado a faca sofrido na semana passada. O ataque ao candidato líder nas pesquisas de intenção de voto fez seus adversários, a princípio, moderarem seus ataques. Mas o tom de campanha já foi retomado ontem, quando Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que o voto em Bolsonaro é um atalho para a volta do PT, que poderia vencer a disputa no segundo turno. Alckmin aponta para a alta rejeição do deputado.

O livro mira, justamente, no Bolsonaro que causa arrepios em 44% dos eleitores, segundo o Datafolha. Na entrevista ao Jornal Nacional, no final de agosto, Bolsonaro afirmou que o livro fazia parte do material do “kit gay”, que estava disponível na biblioteca das escolas públicas para crianças. Na prática, nenhuma dessas informações se mostraram verdadeiras, e o relançamento do livro só relembra a polêmica.

Segundo a editora, o livro nunca foi comprado pelo Ministério da Educação para fins pedagógicos, e sim pelo Ministério da Cultura, que, em 2011, adquiriu 28 exemplares para bibliotecas públicas — e não para escolas públicas. O livro, que vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares ao redor do mundo, também não é para crianças, mas sim indicado a alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental — adolescentes dos 11 aos 15 anos.

Não foi a primeira vez que Bolsonaro deu informações ou fatos inverídicos em entrevistas. Na mesma ocasião, logo antes de mencionar o livro, o candidato do PSL falou sobre o “9º Seminário LGBT infantil”, que nunca existiu. No final de julho, durante o Roda Viva, o capitão reformado afirmou que “os portugueses nem pisavam na África” e que “os próprios negros que entregavam os escravos”, afirmações desmentidas pela antropóloga da Universidade de São Paulo (USP) Lilia Schwarcz em artigo na Folha de S.Paulo.

No entanto, a prática de dizer inverdades não é exclusiva do discurso eleitoral de Bolsonaro. EXAME comparou os dados de duas agências de checagem de informações, a Lupa e a Aos Fatos, sobre as informações dadas por Bolsonaro, Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) em suas entrevistas ao Jornal Nacional. A Lupa analisou 14 fases de cada presidenciável, enquanto o Aos Fatos, seis.

Somando a checagem de ambas agências, Bolsonaro foi o candidato que mais mentiu: sete informações falsas. Mas os resultados dos outros candidatos não ficam muito atrás. Marina e Ciro deram seis informações falsas, enquanto Alckmin deu quatro.

O que chama atenção no caso de Bolsonaro é que ele também foi o candidato que disse menos informações verdadeiras: seis, das quais três foram classificadas como “verdade, mas…”, o que significa que a afirmação não é totalmente correta. Esticar a verdade é outra prática comum para os candidatos, e para seus seguidores. Nesta quarta-feira, a Companhia das Letras marca posição contra as notícias falsas com “Aparelho Sexual e Cia”. Lê quem quer, evidentemente.

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