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Cenário para 2022 é péssimo para centro e bom para Bolsonaro, diz Eurasia

Relatório da consultoria vê pouco espaço para alternativas diante de bases consistentes de apoio tanto do presidente quanto da esquerda associada ao PT

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Luciano Huck e João Doria: o centro espremido (Leonardo Benassatto/Amanda Perobelli/Reuters)

Luciano Huck e João Doria: o centro espremido (Leonardo Benassatto/Amanda Perobelli/Reuters)

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João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de janeiro de 2020 às, 19h53.

Última atualização em 25 de janeiro de 2020 às, 20h10.

São Paulo - O cenário é "horrível" para as perspectivas eleitorais do centro do espectro político no Brasil, de acordo com um relatório divulgado pela Eurasia nesta semana.

A consultoria reconhece que ainda é muito cedo para especular sobre as eleições de 2022, mas nota que a polarização deve continuar e que o presidente segue um forte candidato para a reeleição.

"A conversa nos últimos meses de que uma alternativa centrista a Bolsonaro poderia emergir como candidatura competitiva é muito prematura. Na verdade, o centro político está provavelmente em apuros", diz o texto.

Uma pesquisa CNT/MDA divulgada na quarta-feira (22) mostrou que a avaliação positiva do governo Bolsonaro subiu de 29% em agosto do ano passado para 34% em janeiro, enquanto a avaliação negativa caiu de 39% para 31% no mesmo período.

A aprovação é menor do que a de presidentes anteriores no mesmo ponto do primeiro mandato, mas demonstra uma notável estabilidade da sua base em meio às turbulências que dominam as manchetes.

Na outra ponta do espectro, o candidato em 2022 do PT deve poder contar com sua base histórica de apoio da ordem de 25% a 30% do eleitorado, o que deixaria o centro novamente espremido.

O diagnóstico é preocupante para o governador de São Paulo, João Doria, e o apresentador de televisão Luciano Huck, que se colocam como alternativas que poderiam romper a polarização.

América Latina

Outro ponto levantado pela Eurasia no relatório é que os números de aprovação de Bolsonaro não devem ser vistos de forma isolada do histórico brasileiro e do contexto da América Latina.

Após um ano de mandato, Bolsonaro mantém aprovação mais alta do que tinham os presidentes Ivan Duque na Colômbia e Sebastian Piñera no Chile antes de virarem alvos de protestos.

Há uma tendência na região de que a "lua-de-mel" de início de mandato seja cada vez mais curta, assim como a paciência da população para esperar melhoras nas suas condições de vida.

"O nível de desencanto é alto por toda a região, e provavelmente fruto de demandas da nova classe média por serviços público como saúde, segurança e educação - que são difíceis de entregar. Além disso, os eleitores têm ligado os serviços públicos ruins à corrupção", diz o texto.

Também nesse aspecto, o potencial de Bolsonaro é forte, diz a Eurasia, pois ele mantém altos níveis de apoio na área da segurança pública, com a continuidade da queda dos homicídios, e no seu discurso anti-establishment e de combate à corrupção.

E há outro vento forte a favor do presidente, que é a aceleração do crescimento econômico. A previsão é de uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% neste ano, segundo o último Boletim Focus, contra cerca do 1% anual registrado desde o início da tímida retomada em 2017.

Apesar de previsões parecidas já terem sido frustradas antes, o diagnóstico geral dos economistas é que agora as bases para o crescimento estão mais sólidas.

A consultoria nota que as áreas do governo mais bem avaliadas pelos entrevistados pela pesquisa CNT/MDA foram justamente combate à corrupção (30,1%), economia (22,1%), e segurança (22%).

Uma incógnita importante, não citada pela Eurasia mas que chamou a atenção nos últimos dias, é para onde vai a relação de Bolsonaro com Sergio Moro. O ex-juiz foi alvo de "fritura" com a sugestão de que poderia perder a área da Segurança Pública com a recriação de um ministério.

Moro é mais popular que Bolsonaro, de acordo com vários pesquisas, e está associado com duas áreas que seriam em tese trunfos do presidente: a agenda anticorrupção e o combate ao crime. Talvez a tal ameaça eleitoral não esteja no centro, e sim bem mais próxima - no próprio gabinete.

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