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3ª dose contra covid-19 deve ser oferecida em setembro no Reino Unido

Israel também começou nesta semana a oferecer uma terceira dose da Pfizer a idosos. Discussão sobre reforço avança, mas 70% da população mundial não recebeu ainda a primeira dose

Fila para vacinação em Londres: Reino Unido deve começar programa para terceira dose da vacina contra covid-19 (Dan Kitwood/Getty Images)

Fila para vacinação em Londres: Reino Unido deve começar programa para terceira dose da vacina contra covid-19 (Dan Kitwood/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 2 de agosto de 2021 às 12h26.

Última atualização em 2 de agosto de 2021 às 17h49.

Com o surgimento de novas variantes contra o coronavírus, a discussão sobre se e quando aplicar uma terceira dose de reforço das vacinas ganha força.

Após países como Israel e Emirados Árabes Unidos já terem começado a aplicar uma dose de reforço contra a covid-19, o Reino Unido planeja se juntar à lista, e deve começar a aplicar uma dose extra no mês que vem junto com a vacina da gripe.

A informação é do jornal britânico The Telegraph, mas os planos ainda não foram confirmados oficialmente. No mês passado, o governo britânico já havia confirmado que estava estudando a possibilidade.

A terceira dose de reforço no Reino Unido deve ser oferecida a 32 milhões de pessoas, provavelmente a partir do próximo dia 6 de setembro. O plano é aplicar 2,5 milhões de "terceiras doses" por semana.

Os imunizantes ainda não têm fórmula conjunta, então a solução dos britânicos será uma dose dupla: vacina contra a covid-19 em um braço e contra a gripe no outro, segundo uma fonte do governo.

A prioridade será para os adultos e idosos acima de 50 anos, assim como para pacientes mais jovens que sejam imunodeprimidos, isto é, com sistema imunológico contra doenças comprometido (caso de portadores do HIV ou pacientes com câncer).

  • No Reino Unido, 69% da população recebeu ao menos uma dose da vacina;
  • E 56% estão completamente imunizados. 

O número de novos casos em território britânico (que inclui Irlanda do Norte, Inglaterra, Escócia e País de Gales) subiu mais de 15 vezes desde o começo de junho com a disseminação da variante Delta.

Os países da União também reabriram boa parte das atividades e retiraram a obrigatoriedade de máscaras diante do alto grau de imunização, mas a chegada da Delta atrapalhou os planos.

Com o alto número de imunizados, há ainda o risco de que o Reino Unido seja palco perfeito para o surgimento de uma nova variante resistente a vacinas.

No Reino Unido, vacinados com a terceira dose poderão também receber uma vacina diferente da que receberam na primeira imunização, diante de estudos que já mostram aumento da eficácia nestes casos.

A Organização Mundial da Saúde criticou os planos dos países de oferecer uma terceira dose a seus cidadãos, enquanto boa parte da população mundial não recebeu sequer uma única dose.

No mundo, menos de 29% da população recebeu uma dose, e só 15% está totalmente vacinada, segundo informações oficiais coletadas pela plataforma Our World In Data, da Universidade de Oxford.

"Talvez aconteça de precisarmos de reforço depois de um ou dois anos, mas neste ponto, seis meses depois da dose inicial, não parece haver nenhum indicador", disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.

Israel, que liderou a vacinação no início, começou nesta semana a oferecer uma terceira dose da Pfizer para idosos acima de 60 anos.

Os EUA também foram palco de uma polêmica envolvendo a Pfizer e o governo: a empresa afirmou que uma terceira dose poderia ser necessária, levantando o debate sobre o interesse próprio das empresas em vender mais a países ricos, e não em equalizar a distribuição no mundo.

Dose de reforço no Brasil?

O Ministério da Saúde encomendou uma pesquisa para avaliar a necessidade de uma terceira dose de vacinas contra a covid-19 em pessoas que receberam a Coronavac, após estudos recentes apontarem uma queda da proteção fornecida pelo imunizante depois de seis meses, anunciaram na semana passada o ministro Marcelo Queiroga e a pesquisadora que irá coordenar os trabalhos.

O Chile, que também teve a Coronavac em seu plano de imunização, disse há um mês que estava estudando a possibilidade de uma terceira dose em idosos. No país, a Coronavac mostrou eficácia de mais de 80% para evitar mortes e casos graves.

Apesar das discussões, é difícil que uma terceira dose comece a ser aplicada ainda neste ano no Brasil. O Brasil tem no momento 48% da população vacinada com uma dose, mas menos de 20% completamente imunizados.

Questionado em julho, o governador de São Paulo, João Doria, disse que não está no radar uma dose de reforço contra a covid-19 em idosos ou grupos mais vulneráveis em 2021, antes que esteja encerrada a vacinação do restante da população. Em São Paulo, a expectativa é oferecer a primeira dose a todos os grupos de adultos (acima de 18 anos) até o fim de agosto.

Doria falou sobre a possibilidade no ano que vem, em um novo ciclo de vacinação. "A partir de janeiro do ano que vem, o Brasil, através do Ministério da Saúde, do Plano Nacional de Imunização, deverá iniciar um novo ciclo de vacinação, de 2022. O de 2021 estará encerrado", disse.

Juntar as duas campanhas de vacinação, contra gripe e covid-19, é uma tendência para os próximos anos. O Instituto Butantan, que é um dos líderes globais em produção de vacina contra a gripe, planeja ter no futuro uma vacina unificada contra os diferentes tipos de vírus - uma possibilidade é a Butanvac, vacina que tem sido desenvolvida pelo instituto.

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