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Em Minas, Lula diz que Brasil precisa dar 'salto de qualidade' no agronegócio e defende commodities

Presidente da República marcou presença em inauguração de um complexo de produção de fertilizantes, ao lado do governador Romeu Zema

Carlos Fávaro afirmou que o agronegócio vive momentos de alegria no país (Ricardo Stuckert/Flickr)

Carlos Fávaro afirmou que o agronegócio vive momentos de alegria no país (Ricardo Stuckert/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 13 de março de 2024 às 12h36.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quarta-feira que o país precisa dar um "salto de qualidade" em relação à produção do agronegócio. A declaração ocorreu durante cerimônia de inauguração do Complexo Mineroindustrial da Eurochem, na Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro.

"Lembro que o cerrado brasileiro na década de 1970 era visto como terra "imprestável". Depois que houve o manejo na terra, passou a ser a região mais produtiva (...) Houve também o avanço do café brasileiro, não da capacidade de produção, mas da qualidade. As pessoas tem café de qualidade e o mundo precisa aprender que o Brasil produz café de qualidade. Mas nosso café ainda precisa de divulgação. (...) Nós precisamos dar um salto de qualidade para que a gente possa fazer jus ao grau de investimento que a gente fez em tecnologia, ciência e genética".

Desvalorização das commodies

O presidente também defendeu que o Brasil não pode desvalorizar as commodities, que consistem nas mercadorias de origem primária. Ele citou países estrangeiros que estão distantes da capacidade produtiva do país:

"O Brasil está exportador de commodities, precisa produzir produtos de valor agregado. É verdade, mas a gente não pode desvalorizar as commodities porque a gente sabe o quanto de tecnologia tem em um grão de milho e em um grão de soja."

Durante a solenidade, Lula também criticou o "complexo de vira-lata" no Brasil que, no passado, fechou fábricas de fertilizantes.

"Se o país é um país agrícola porque que a gente não é pelo menos autossuficiente na produção dos fertilizantes que nós precisamos? Porque muitas vezes se negou a esse país uma coisa que ele tem condição de ter?", questionou o presidente.

Também discursaram o prefeito de Serra do Salitre, Paulo Silveira de Melo, e o presidente da EuroChem, Gustavo Horbach, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e os ministros de Minas e Energia, o mineiro Alexandre Silveira, e o da Agricultura, Carlos Fávaro.

Apoio de Silveira e Fávaro

Em seu pronunciamento, Silveira defendeu a necessidade do diálogo na política e fez elogios ao presidente que, segundo ele, seria o responsável pela volta da "boa política".

"O governo do presidente Lula não vive de narrativa de rede social, a gente trabalha para levar ações de verdade para melhorar a vida de brasileiros" disse o ministro, dando uma alfinetada no ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), e fez críticas às mineradoras. "É inaceitável o que infelizmente nós temos por parte das grandes mineradoras no país, os potenciais não estão sendo explorados", disse, ao afirmar que parte das empresas fica com os direitos de exploração, sem exercê-los.

Já Carlos Fávaro afirmou que o agronegócio vive momentos de alegria no país e fez o "L", durante seu discurso:

"Ontem começamos o dia com o anúncio do governo chinês de 38 novas plantas frigoríficas brasileiras habilitadas de uma só vez. Isso significa confiança no nosso país, a volta da diplomacia. Enquanto ainda comemorávamos, veio o governo de Filipinas. Ontem durante a tarde, autorizou 137 plantas frigoríficas."

Zema, por sua vez, deixou seu vice comandar o início do discurso. Candidato pelo governo em 2026, Matheus Simões contou como a iniciativa auxilia o pequeno produtor.

Agenda de Lula no Agro

O presidente Lula (PT) desembarcou nesta manhã em Minas Gerais apenas para cumprir esta agenda, importante para o agronegócio.

Entre as baixas, todavia, há uma série de aliados do governo federal. Parceiro de Lula na renegociação da dívida, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), não estará presente nesta passagem do presidente pelo estado, pois estará em Brasília, presidindo uma sessão na Casa Legislativa.

Os pré-candidatos que pleiteiam o apoio do presidente na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte também estarão ausentes por terem compromissos em Brasília ou na capital mineira. É o caso do prefeito Fuad Noman (PSD), da Duda Salabert (PDT) e da estadual Bella Gonçalves (PSOL). A exceção foi o petista Rogério Correia, nome da federação PT-PV-PCdoB, que esteve na solenidade.

A agenda marca a abertura de um complexo de produção de fertilizantes fosfatados. A expectativa é de que o polo adicione um milhão de toneladas do produto por ano ao agronegócio.

A previsão é de que o presidente retorne à Brasília já no início da tarde.

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